A geração coca-cola.

Não sou fã de carteirinha, mas gosto do Renato Russo, que errou na letra ao chamar de filhos da revolução a geração coca-cola, que ora se mobiliza no Brasil contra tudo aquilo que a política tradicional brasileira vem fazendo. O que houve em 1964 não foi uma revolução, foi um golpe militar, logo não há filhos da revolução, há sim filhos da repressão, que até que enfim acordaram para a triste realidade brasileira. Foi preciso um reajuste de ônibus para que os jovens se libertassem das verbas palacianas que taparam a boca da UNE e da classe estudantil por mais de 10 anos. Por trás desses R$0,20 de aumento nas tarifas dos ônibus de São Paulo, veio a tona toda a revolta contra o abuso político econômico, que superfatura qualquer obra pública, em detrimento de serviços públicos de qualidade para o cidadão. A forma de fazer política no Brasil, jogou a ética no lixo, o compromisso público na vala comum, e governa a la Justo Veríssimo. Não há um partido político que pratique gestões responsáveis, com a consciência que a carga tributária que pagamos é muito alta, para recebermos em troca estabelecimentos de saúde aquém da dignidade dos cidadãos, escolas e ensino que formam brasileiros sem qualidade, estradas e transportes precários, crescimento econômico pífio, salário mínimo de merda e inflação. A manifestação da geração coca-cola tem tudo para mudar o País para melhor, de reformar por inteiro o sistema eleitoral brasileiro, de fazer uma nova classe política, com novos partidos, com representantes que de fato governem para o cidadão e com o cidadão. Não há mais espaço para a corrupção. Até que enfim se pede um basta nos superfaturamentos de obras, que azeitam as engrenagens da perpetuação no poder. Só espero que as vitórias do futebol brasileiro nas Copas das Confederações e do Mundo, não calem os jovens e nos transforme na Argentina de Jorge Videla em 78. Torço sim para que as ações violentas e de vandalismo não se proliferem, para que não se originem novas gerações de filhos da repressão. A hora é agora de construir um Brasil melhor.