Músicas, Seriedades, Burridades e Coisas Ogonorantes.
Um blog para quem não tem nada para fazer. Para pessoas que vieram do nada e hoje não tem porra nenhuma.
terça-feira, 26 de agosto de 2014
sábado, 16 de agosto de 2014
Essa era do Chembra.
Para
relembrar o grande Chembra com seu humor de finíssimo trato, vamos contar essa
piadinha do Bandeira recontada hoje na Sol pelo Bob Freitas.
Um
cidadão de classe média emergente foi ao barbeiro do bairro cortar o cabelo, e
nesse dia estava radiante, doido para compartilhar sua felicidade. Sentou na
cadeira e antes que o barbeiro desse a primeira tesourada falou: Hoje estou
muito feliz!
- Mas
porque indagou o barbeiro?
- Ganhei
num sorteio uma excursão para a Europa, vou conhecer Paris, em seguida vou para
Veneza e depois vou a Roma, vou ter oportunidade de conhecer o Papa.
O
barbeiro invejoso de dar dó resolveu empanar a festa tecendo as seguintes
críticas: - Não vais gostar desse passeio. Em Paris a torre Eiffel está uma
bagaceira danada, cai mais não cai. Toda enferrujada, mal conservada, um
horror. Veneza é um esgoto a céu aberto, aqueles canais são todos poluídos,
água fétida, um fedor insuportável. E Roma meu Deus é uma multidão imensa de pobres
se acotovelando para ver o Papa, vais ficar muito distante da janela onde ele
aparece. Não terás como distinguir se é uma pessoa ou um vulto.
A
despeito de todas essas críticas nosso cidadão empreendeu a viagem. Ao
regressar foi recebido com vivas pela família, que resolveu fazer uma festa
para ouvir suas histórias sobre a viagem. Mas antes pediu aos parentes e amigos
que gostaria de ir até a barbearia falar com o barbeiro. E assim o fez.
Chegando a barbearia cumprimentou o barbeiro, e foi falando: - Fiz a viagem e
não é bem assim como pintastes. Estive em Paris e a torre Eiffel não está
detonada, fizeram uma reforma que ela ficou bacaninha. Em seguida fui para
Veneza, e lá também não é tão fedorento como disseste. Despoluíram os canais,
as águas ficaram mais ou menos limpas e a cidade ficou bacaninha. Por fim fui a Roma para
conhecer o Papa, tive uma sorte danada, fui cedinho para o Vaticano e consegui
um lugar nas primeiras filas da catedral de São Pedro, onde o santíssimo rezou
uma missa. Fiquei cerca de menos de 100 metros do Papa. E para minha surpresa
na hora da comunhão ele saiu do altar e começou a vir minha direção, abrindo o
caminho entre os fiéis. Chegou até mim, cara a cara, pegou na minha cabeça e
disse: - Rapaz esse teu cabelo está mal cortado pra burro.
sábado, 9 de agosto de 2014
Para toda a vida.
Se você tem em casa um filho desses de viver pedindo que
você compre um vídeo game desses carões, faça o seguinte: compre um jogo pirata
de corrida de fórmula 1, um controle de volante e pedal, uma cadeira usada e um caixão. O moleque vai
passar o dia jogando, deixando os estudos de lado. Vai crescer burro, sem
formação escolar. Terá dificuldades de conseguir emprego, mas em compensação
tem aonde cair morto.
Medicina Moderna # 2.
Nova técnica para acabar com a prisão de ventre em homens
fortões, o caga-de-braço. Em
vez de fazer uma força descomunal para liberar o torete preso, basta arrumar
outro entupido, sentar sobre os calcanhares, arriar a cueca, enroscar um braço
no outro e fazer força. Quem cagar primeiro ganha.
Égua Brasil...
Esses alemães estão de sacanagem com a gente. Nossa sorte é
que depois dessa porrada, ninguém lembra mais dos 7x1.
Tão logo acabamos de postar, saiu outro gol da Alemanha. Putz!
Desforra Brasil.
Para desforrar o que esses alemães fizeram conosco, segue aí
uma piada de alemão.
Um alemão nascido no morro do alemão estava na balada e
conheceu uma loira... Dai foram pra casa da loira e o alemão descobriu que
ela era podre de rica. O alemão ficou maluco.... Eles foram pro quarto, tinha
uma TV de led, full HD 3D 70 polegadas. Nisso a loira começou a tirar toda
roupa Chanel, sapatos Laboutin, ficando nua. Finalmente deitou na cama
completamente nua e disse: "alemão, honra tua raça filho da puta"!!! Ele
pegou a TV saiu correndo e gritando: "Aqui é mengão, porra"!
Fiorella Mannoia no som do blog.
Nesta semana o som do blog vem com a canção dançante Quando
L'angelo Vola (Alessandro Pinnelli, Fiorella Mannoia, Alessandro Pitoni,
Ruggero Brunetti, Saverio Capo), gravada pela cantora italiana Fiorella Mannoia
nos disco “SUD”, (Ariola – 2012).
É de grátis.
No Laboratório do Lombriga tem uma promoção porreta, muito
parecida com promoção de pizzaria. Lá em vez de você comprar uma pizza e ganhar
um refrigerante de 2 litros grátis, você compra 1 exame de urina e tem o
direito de levar grátis uma garrafa de refrigerante de 2 litros cheia de urina.
Medicina Moderna #1.
Descobriram nova técnica de fazer exame de útero, a chupasonografia. Além de
visualizar com os próprios olhos o útero da paciente, o médico consegue falar
pessoalmente com o feto.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Perdemos a chance.
Em 2006 o Senador Cristovam Buarque foi candidato a Presidente da República nas eleições daquele ano, e o Brasil preferiu reeleger Lula. Perdemos a chance de ter um Brasil melhor se ele tivesse sido eleito. Teríamos um Brasil mais íntegro e trabalhando de fato pelos campeonatos que nos envergonham. Leiam a carta que o Senador Cristovam Buarque escreveu para o Zagueiro David Luiz...
Professor da UnB e Senador pelo PDT-DF.
Desculpe, David Luiz!
*Por Cristovam Buarque
O Brasil é um País privilegiado. Sabemos do privilégio na natureza e nas características do povo, mas tem um privilégio na história: o fato de que não termos traumas que outros países têm nas suas histórias. Nunca perdemos uma guerra, nem nos nos rendemos. A Alemanha sofreu duas derrotas e rendições em um mesmo século. A França foi invadida e ocupada durante quatro anos pelo exército alemão. Os Estados Unidos tiveram uma traumática guerra civil e presidentes assassinados. Nossos traumas se resumem ao suicídio de um presidente, e perda da Copa do Mundo para o Uruguai, no último minuto, 64 anos atrás.
Agora, neste 8 de julho de 2014, ficamos com a sensação de um grande trauma nacional por causa da desastrosa derrota por 7 a 1 que nossa seleção sofreu diante da Alemanha. Por sermos o país do futebol, por termos este esporte entrando na alma de nosso povo, e por sermos atualmente bons, os melhores historicamente, nós temos a razão de sentirmos o trauma com a derrota da
seleção ontem. O que surpreende é como não temos outros traumas.
Por exemplo, estamos profundamente abatidos no Brasil inteiro porque perdemos de 7 a 1 para a Alemanha, mas jamais nos lembramos de que a Alemanha teve 103 Prêmios Nobel e nós nenhum. Com toda a tristeza que sinto pelo fato de termos sido derrotados, e com um escore tão grande, do ponto de vista do interesse nacional, do ponto de vista das consequências para o futuro, é muito mais grave para o futuro do País o fato de estarmos perdendo para a Alemanha de 103 a zero, no campeonato de Prêmio Nobel.
Nós não nos traumatizamos, no dia 14 de março de 2013, quando foi divulgado o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil, que nos deixou em 85º lugar, entre 106 países analisados. Entre estes países estão alguns dos mais pobres do mundo, e ficamos em 85º – quase lanterninha –, e não nos traumatizamos. E nós nos traumatizamos por sermos o quarto ou até o terceiro em futebol, dependendo do resultado do jogo no próximo sábado. O mundo inteiro disputou para ter seus times na COPA. Foram selecionados 31 e nós fomos disputar com eles. Apenas 32 foram selecionados como os melhores. Aos poucos foram sendo eliminados. O nosso chegou ao último estágio, que são os quatro finalistas. Não chegamos à finalíssima, mas chegamos à anterior. Na pior das hipóteses, sairemos dessa Copa como a quarta melhor seleção de futebol do mundo. E o Brasil está de luto, num sofrimento que dói na gente, sobretudo quando vemos as crianças que choraram no estádio e nas ruas pela derrota que elas não esperavam. Nem entendem.
Mas não nos traumatizamos no dia 3 de dezembro de 2013, quando foi divulgada a classificação do Brasil na educação, entre 65 países, e ficamos em 58º. Uma avaliação que analisa 65 países, feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, da Europa, deixa-nos em 58º, entre 65 e não houve nenhum trauma naquele 4 de dezembro, dia seguinte à divulgação do resultado. Este campeonato que não gerou qualquer tristeza, mas suas consequências para o Brasil são muito mais trágicas, do que o resultado do jogo contra a Alemanha.
Nós não tivemos o menor constrangimento, o menor trauma, a menor tristeza, quando, no dia 1º de março de 2011, a Unesco divulgou a sua classificação da educação para 128 países, e nos colocou em 88º. Ou seja, um dos piores. E, quando falamos em 128 países, estamos incluindo os mais pobres do mundo, não nos comportamos apenas com países da elite educacional, não foram apenas os BRICS, nem apenas os emergentes: Temos toda a razão emocional de estarmos tristes por termos sido excluídos da finalíssima decisão de quem será o campeão deste ano. Temos toda a razão de estarmos tristes, porque ainda não foi este ano que ganhamos o hexa, mas também precisamos ficar tristes com as outras nossas classificações: na educação, na saúde publica, na violência, no quadro social.
Todo o direito à tristeza, mas não esqueçamos as outras razões para sofrer também, até porque são essas outras razões de sofrimento que nos levariam a superar os nossos problemas e construir um futuro que nos vem sendo negado há séculos.
Precisamos ver, nessa derrota, como o jogador David Luiz no final do jogo, quando ainda dentro do campo, pela televisão, chorando, disse o seguinte: “Desculpa, por não ter feito vocês felizes nesta hora”. Veja que grandeza: ele não disse que estava triste por não ser campeão do mundo. Estava triste por não ter feito a nós, os brasileiros, felizes nessa hora. E continuou “Mas aqui tem um cidadão disposto a ajudar a todos”, Ou seja, a derrota foi de um jogo, não foi a derrota de uma história. E continua: “Eu só queria dar alegria para o meu povo que sofre tanto por tanta coisa”.
Esse sentimento vindo dele confesso que me surpreendeu, quando ele lembra: “queria dar uma alegria para esse povo que sofre tanto por tanta coisa”. E ele diz: “Queria pedir desculpa”, “só queria fazer meu povo sorrir pelo menos no futebol”. Veja que sentimento esse rapaz teve. Sair daquela derrota chorando e lembrar-se do povo, lembrar-se do sofrimento do povo e lembrar-se, como ele diz, de o povo sorrir, pelo menos no futebol. “Porque já sofre tanto por tanta coisa”
O sofrimento não fica restrito ao futebol mas é o sofrimento do futebol que traumatiza. Os demais são tolerados, ignorados, por serem banalizados. Por isso não damos tanta importância aos demais sofrimentos e não fazemos o dever de casa para consertar o resto, ganhar outras copas. Não estamos jogando para sermos campeões mundiais na educação, para sermos campeões mundiais no saneamento, para sermos campeões mundiais, por exemplo, na paz das cidades. Embora fracassada, fazemos o dever de casa, para sermos competitivos no futebol, mas não estamos fazendo o dever de casa para o Brasil ser melhor, mais eficiente, mais justo, e não percebemos este fracasso. Por isso não sofremos, diante dos males banalizados. Sofremos porque o Brasil não é campeão mundial de futebol este ano – já foi cinco vezes –, mas não sofremos porque não estamos fazendo um Brasil melhor.
Quando vi o David Luiz pedindo desculpas, pensei: quem devia estar ali pedindo desculpas éramos nós os Senadores, os Deputados, os Ministros, os Governadores, a Presidente da República, porque somos nós que estamos em campo para fazer um Brasil melhor. Nós somos a seleção brasileira da política para a definição dos rumos do País. E nem ao menos lembramos que o papel do político é eliminar os entulhos que dificultam o caminho das pessoas à busca de sua felicidade pessoal. Eles estavam em campo para fazer o Brasil campeão. Nós estamos em campo para fazer um Brasil melhor e não estamos conseguindo chegar nem ao quarto, nem ao décimo, nem ao vigésimo, nem ao quinquagésimo lugar. Estamos chegando ao octogésimo quinto no Índice de desenvolvimento Humano, octogésimo oitavo na educação. Estamos perdendo de 103 a zero em Prêmio Nobel para a Alemanha.
O mais importante para o futuro do País não é o campeonato de futebol, embora esse toque mais na alma da gente, o maior campeonato que estamos
perdendo são as condições sociais, as possibilidades de eficiência na economia, a educação, segurança, a saúde, a corrupção. Esses são os campeonatos que devem fazer com que nós brasileiros trabalhemos para superar.
O Davi Luís deu todo o seu esforço e nos colocou primeiro entre as seleções selecionadas para a Copa, porque muitas ficaram de fora; depois nos fez passar para oitava, para quarta e agora estamos nas finais, e apesar disso ele nos pede desculpas, “por não ter feito o povo sorrir, pelo menos no futebol” – como ele disse – pelo menos no futebol, mas não basta só o futebol. Pelo menos no futebol porque essa é a tarefa dele, mas aqui, nesta casa no Congresso não basta o futebol.
Sofri ontem como qualquer brasileiro, mas eu quero agradecer aos jogadores que nos colocaram nessa posição.
Quero agradecer, ao David Luiz, quando ele nos deu esta lição: “Eu só queria fazer meu povo sorrir pelo menos no futebol.” Você não conseguiu, David Luiz, fazer o povo sorrir plenamente no futebol, mas você conseguiu nos despertar para o fato de que nós não estamos conseguindo fazer o povo sorrir pelas outras coisas das quais eu sou um dos responsáveis.
Por isso, desculpa, David Luiz.
Cristovam Buarque,
*Por Cristovam Buarque
O Brasil é um País privilegiado. Sabemos do privilégio na natureza e nas características do povo, mas tem um privilégio na história: o fato de que não termos traumas que outros países têm nas suas histórias. Nunca perdemos uma guerra, nem nos nos rendemos. A Alemanha sofreu duas derrotas e rendições em um mesmo século. A França foi invadida e ocupada durante quatro anos pelo exército alemão. Os Estados Unidos tiveram uma traumática guerra civil e presidentes assassinados. Nossos traumas se resumem ao suicídio de um presidente, e perda da Copa do Mundo para o Uruguai, no último minuto, 64 anos atrás.
Agora, neste 8 de julho de 2014, ficamos com a sensação de um grande trauma nacional por causa da desastrosa derrota por 7 a 1 que nossa seleção sofreu diante da Alemanha. Por sermos o país do futebol, por termos este esporte entrando na alma de nosso povo, e por sermos atualmente bons, os melhores historicamente, nós temos a razão de sentirmos o trauma com a derrota da
seleção ontem. O que surpreende é como não temos outros traumas.
Por exemplo, estamos profundamente abatidos no Brasil inteiro porque perdemos de 7 a 1 para a Alemanha, mas jamais nos lembramos de que a Alemanha teve 103 Prêmios Nobel e nós nenhum. Com toda a tristeza que sinto pelo fato de termos sido derrotados, e com um escore tão grande, do ponto de vista do interesse nacional, do ponto de vista das consequências para o futuro, é muito mais grave para o futuro do País o fato de estarmos perdendo para a Alemanha de 103 a zero, no campeonato de Prêmio Nobel.
Nós não nos traumatizamos, no dia 14 de março de 2013, quando foi divulgado o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil, que nos deixou em 85º lugar, entre 106 países analisados. Entre estes países estão alguns dos mais pobres do mundo, e ficamos em 85º – quase lanterninha –, e não nos traumatizamos. E nós nos traumatizamos por sermos o quarto ou até o terceiro em futebol, dependendo do resultado do jogo no próximo sábado. O mundo inteiro disputou para ter seus times na COPA. Foram selecionados 31 e nós fomos disputar com eles. Apenas 32 foram selecionados como os melhores. Aos poucos foram sendo eliminados. O nosso chegou ao último estágio, que são os quatro finalistas. Não chegamos à finalíssima, mas chegamos à anterior. Na pior das hipóteses, sairemos dessa Copa como a quarta melhor seleção de futebol do mundo. E o Brasil está de luto, num sofrimento que dói na gente, sobretudo quando vemos as crianças que choraram no estádio e nas ruas pela derrota que elas não esperavam. Nem entendem.
Mas não nos traumatizamos no dia 3 de dezembro de 2013, quando foi divulgada a classificação do Brasil na educação, entre 65 países, e ficamos em 58º. Uma avaliação que analisa 65 países, feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, da Europa, deixa-nos em 58º, entre 65 e não houve nenhum trauma naquele 4 de dezembro, dia seguinte à divulgação do resultado. Este campeonato que não gerou qualquer tristeza, mas suas consequências para o Brasil são muito mais trágicas, do que o resultado do jogo contra a Alemanha.
Nós não tivemos o menor constrangimento, o menor trauma, a menor tristeza, quando, no dia 1º de março de 2011, a Unesco divulgou a sua classificação da educação para 128 países, e nos colocou em 88º. Ou seja, um dos piores. E, quando falamos em 128 países, estamos incluindo os mais pobres do mundo, não nos comportamos apenas com países da elite educacional, não foram apenas os BRICS, nem apenas os emergentes: Temos toda a razão emocional de estarmos tristes por termos sido excluídos da finalíssima decisão de quem será o campeão deste ano. Temos toda a razão de estarmos tristes, porque ainda não foi este ano que ganhamos o hexa, mas também precisamos ficar tristes com as outras nossas classificações: na educação, na saúde publica, na violência, no quadro social.
Todo o direito à tristeza, mas não esqueçamos as outras razões para sofrer também, até porque são essas outras razões de sofrimento que nos levariam a superar os nossos problemas e construir um futuro que nos vem sendo negado há séculos.
Precisamos ver, nessa derrota, como o jogador David Luiz no final do jogo, quando ainda dentro do campo, pela televisão, chorando, disse o seguinte: “Desculpa, por não ter feito vocês felizes nesta hora”. Veja que grandeza: ele não disse que estava triste por não ser campeão do mundo. Estava triste por não ter feito a nós, os brasileiros, felizes nessa hora. E continuou “Mas aqui tem um cidadão disposto a ajudar a todos”, Ou seja, a derrota foi de um jogo, não foi a derrota de uma história. E continua: “Eu só queria dar alegria para o meu povo que sofre tanto por tanta coisa”.
Esse sentimento vindo dele confesso que me surpreendeu, quando ele lembra: “queria dar uma alegria para esse povo que sofre tanto por tanta coisa”. E ele diz: “Queria pedir desculpa”, “só queria fazer meu povo sorrir pelo menos no futebol”. Veja que sentimento esse rapaz teve. Sair daquela derrota chorando e lembrar-se do povo, lembrar-se do sofrimento do povo e lembrar-se, como ele diz, de o povo sorrir, pelo menos no futebol. “Porque já sofre tanto por tanta coisa”
O sofrimento não fica restrito ao futebol mas é o sofrimento do futebol que traumatiza. Os demais são tolerados, ignorados, por serem banalizados. Por isso não damos tanta importância aos demais sofrimentos e não fazemos o dever de casa para consertar o resto, ganhar outras copas. Não estamos jogando para sermos campeões mundiais na educação, para sermos campeões mundiais no saneamento, para sermos campeões mundiais, por exemplo, na paz das cidades. Embora fracassada, fazemos o dever de casa, para sermos competitivos no futebol, mas não estamos fazendo o dever de casa para o Brasil ser melhor, mais eficiente, mais justo, e não percebemos este fracasso. Por isso não sofremos, diante dos males banalizados. Sofremos porque o Brasil não é campeão mundial de futebol este ano – já foi cinco vezes –, mas não sofremos porque não estamos fazendo um Brasil melhor.
Quando vi o David Luiz pedindo desculpas, pensei: quem devia estar ali pedindo desculpas éramos nós os Senadores, os Deputados, os Ministros, os Governadores, a Presidente da República, porque somos nós que estamos em campo para fazer um Brasil melhor. Nós somos a seleção brasileira da política para a definição dos rumos do País. E nem ao menos lembramos que o papel do político é eliminar os entulhos que dificultam o caminho das pessoas à busca de sua felicidade pessoal. Eles estavam em campo para fazer o Brasil campeão. Nós estamos em campo para fazer um Brasil melhor e não estamos conseguindo chegar nem ao quarto, nem ao décimo, nem ao vigésimo, nem ao quinquagésimo lugar. Estamos chegando ao octogésimo quinto no Índice de desenvolvimento Humano, octogésimo oitavo na educação. Estamos perdendo de 103 a zero em Prêmio Nobel para a Alemanha.
O mais importante para o futuro do País não é o campeonato de futebol, embora esse toque mais na alma da gente, o maior campeonato que estamos
perdendo são as condições sociais, as possibilidades de eficiência na economia, a educação, segurança, a saúde, a corrupção. Esses são os campeonatos que devem fazer com que nós brasileiros trabalhemos para superar.
O Davi Luís deu todo o seu esforço e nos colocou primeiro entre as seleções selecionadas para a Copa, porque muitas ficaram de fora; depois nos fez passar para oitava, para quarta e agora estamos nas finais, e apesar disso ele nos pede desculpas, “por não ter feito o povo sorrir, pelo menos no futebol” – como ele disse – pelo menos no futebol, mas não basta só o futebol. Pelo menos no futebol porque essa é a tarefa dele, mas aqui, nesta casa no Congresso não basta o futebol.
Sofri ontem como qualquer brasileiro, mas eu quero agradecer aos jogadores que nos colocaram nessa posição.
Quero agradecer, ao David Luiz, quando ele nos deu esta lição: “Eu só queria fazer meu povo sorrir pelo menos no futebol.” Você não conseguiu, David Luiz, fazer o povo sorrir plenamente no futebol, mas você conseguiu nos despertar para o fato de que nós não estamos conseguindo fazer o povo sorrir pelas outras coisas das quais eu sou um dos responsáveis.
Por isso, desculpa, David Luiz.
Cristovam Buarque,
Pai sortudo.
Um amigo nosso tem um parente que por felicidade do destino teve um único filho. As pessoas irão questionar porque felicidade do destino, se o sonho de consumo de qualquer pai é ter um casal. Pois bem, esse pai que é parente do nosso amigo, teve um menino que durou até os 13. Dos 14 em diante resolveu ser menina, ou seja, com um tiro só conseguiu ter um casal. Pai sortudo!
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
Discriminação religiosa.
Só pode ser discriminação religiosa da braba, pois no inicio de cada jogo os jogadores do meu Paysandu rezam fervorosamente, tal como fazem os jogadores dos times adversários, mas no final das contas os adversários acabam ganhando. Já estou achando que o Padre Julião tem razão. Diz ele que os santos até que colaboram, porém o problema do papão é o tamanho das traves, muito grande para o nosso goleiro.
Assinar:
Postagens (Atom)