Acabei de completar 56 anos. Minha mulher resolveu me presentear com uma semana de treinamento físico numa boa academia. Estou em excelente forma, mas achei boa idéia diminuir minha “barriguinha”. Fiz a reserva com a “personal trainner” Cida, instrutora de Aeróbica e modelo. Ela me pediu pra levar um diário e documentar meu progresso, que vem a seguir:
Segunda: Com muita dificuldade levantei-me ás 6 da manhã. O esforço valeu a pena. Cida parecia uma deusa grega: loira, olhos azuis, grande sorriso, lábios carnudos e corpo escultural. Inicialmente, Cida me fez um tour, mostrando os aparelhos. Comecei pela bicicleta. Ela me tomou o pulso, depois de 5 minutos e se alarmou, pois estava muito acelerado. Não era a bicicleta mas ela, vestida com uma malha de lycra coladinha. Desfrutei do exercício. Ela me motiva muito, apesar da dor na barriga, de tanto encolhê-la, toda vez que ela passava perto de mim.
Terça: Tomei café e fui para a academia. Cida estava mais linda que nunca. Comecei a levantar uma barra de metal. Logo ela se atreveu a por mais pesos!!! Minhas pernas estavam debilitadas, mas consegui completar uns 5 arranques. O sorriso arrebatador que Cida deu me convenceu de que todo exercício valeu a pena… era uma nova vida para mim.
Quarta: A única forma como consegui escovar os dentes, foi colocando a escova sobre a pia e movendo a cabeça para os lados. Dirigir também não foi fácil: esticar os braços para mudar as marchas era um esforço digno de Hércules, doía o peito, e minhas panturrilhas ardiam toda vez que pisava na embreagem. Fisicamente impossibilitado, achei justo estacionar meu carro na vaga para deficientes físicos. Cida hoje estava com a voz um pouco aguda a essas horas da manhã e quando gritava me incomodava muito. Meu corpo doeu inteiro quando ela me colocou uma cinta para fazer escalada. Porquê “catzo” alguém inventa um treco para se escalar quando há tempos já inventaram os elevadores? Cida me disse que isso me ajudaria a ficar em forma e desfrutar a vida… ou alguma outra dessas merdas de incentivos.
Quinta: Cheguei meia hora atrasado, foi o tempo que demorei para colocar os sapatos. Cida estava me esperando com seus odiosos dentes de vampiro escroto. A desgraçada me colocou para trabalhar com os pesos. Quando se distraiu, saí correndo e me escondi no banheiro. Mandou um outro treinador filha da puta me buscar e, como castigo, me pôs a trabalhar na máquina de remar… me fodi!
Sexta: Odeio a desgraçada da Cida. Estúpida, magra, anêmica, chata e feminista sem cérebro! Se houvesse uma parte do meu corpo que pudesse se mover sem uma dor angustiante, eu partiria no meio a vaca que pariu essa desgraçada xexelenta. Cida quis que eu trabalhasse meus tríceps… EU NEM SEI O QUE É ESSA PORRA DESSE TRÍCEPS, CACETA!!! E se não bastasse me colocou o peso nas pernas para fazer exercícios nas barras… Em seguida me jogou na bicicleta, desmaiei e acordei na cama de uma nutricionista, outra idiota com cara de mau comida que me deu uma catequese de alimentação saudável, claro.
Sábado: A lazarenta da Cida me deixou uma mensagem no celular com sua vozinha de lésbica assumida, perguntando por que eu não fui para academia. Só de escutar a vozinha me deu vontade de quebrar o celular, porém como não tinha força suficiente para levantá-lo, desisti. Adoraria passar o dia vendo TV jogado na cama, mas quem disse que conseguia apertar os botões do controle remoto.
Domingo: Pedi ao vizinho para ir a missa por mim agradecer ao bom Deus por essa semana que terminou. Também rezei para que o ano que vem minha mulher me presenteie com algo um pouco mais divertido, como um tratamento dentário de canal, um cateterismo ou até mesmo uns 10 exames de próstata no mesmo dia.