SENTENÇA PROFERIDA EM 1587 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE
TRANCOSO
(Autos arquivados na Torre do Tombo(*), armário 5, maço
7). (*)Torre do Tombo é o local onde se guardam todos os
documentos antigos e está situada em Lisboa, junto à Cidade Universitária.
"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de
idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado
pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os
quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e
que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido: com vinte e
nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos;
de cinco irmãs teve dezoito filhas; de nove comadres trinta
e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos
e cinco filhas; de duas escravas teve vinte e um filhos e sete
filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três
filhas.
Total: duzentos e noventa e nove, sendo duzentos e
catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido
em cinquenta e três mulheres".
Não satisfeito tal apetite, o malfadado prior, dormia
ainda com um escravo adolescente de nome Joaquim Bento, que o acusou de abusar
em seu vaso nefando noites seguidas quando não lá estavam as mulheres.
Acusam-lhe ainda dois ajudantes de missa, infantes
menores que lhe foram obrigados a servir de pecados orais, completos e
nefandos, pelos quais se culpam em defeso de seus vasos intocados, apesar da
malícia exigente do malfadado prior.
Agora vem o inesperado:
"El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou
pôr em liberdade aos dezessete dias do mês de Março de 1587, com o fundamento
de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e, em
proveito de sua real fazenda, o condena ao degredo em terras de Santa Cruz,
para onde segue a viver na vila da Baía de Salvador como colaborador de
povoamento português. El-rei ordena ainda guardar no Real Arquivo esta
sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo".
Meus caros, não sintam inveja! O "pobre" prior
não tinha TV, Internet, nem mesmo rádio. Entendam que naquela época a concorrência
praticamente não existia. Com tanto "rabo de saia", desfilando na
frente e tanto mato ao redor, não há prior que aguente.
Obs.: Chamou a atenção, ora pois, dentre os vários
nomes pelos quais “aquilo” é conhecido, o vaso nefando. Vivendo e
aprendendo! Cuidado, vaso nefando de bêbado não tem dono!
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