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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Os números do Círio.

Meu amiguinho Nélio Palheta escreveu esse artigo sobre os números do Círio, que nosso Apolo do DIEESE propala com tanta firmeza.
Uma dúvida sobre os dois milhões de romeiros (Nélio Palheta).
Não há como contestar os dois milhões de pessoas do Círio, mas é preciso que a imprensa use uma das premissas indispensáveis ao bom jornalismo: o contraditório. Afinal, dois milhões de pessoas é um universo maior que a população da capital e quase todos os habitantes da Região Metropolitana.
A ser verdadeiro o número, implicaria o Círio arrebatar não só toda a população de Belém e mais a de Ananindeua, mas quase a totalidade dos demais municípios vizinhos. Que o Círio não congregue somente os romeiros de Belém e adjacências, mas perguntemos: quantos deles chegam de avião, ônibus, carro, a pé e de barco? Passada a euforia, esquecemos  que esses números carecem de mínima checagem para se confirmar o que se anunciou como previsão.
Não se trata de desqualificar o Círio como maior evento religioso do Brasil -  quiçá do mundo -  mas seria prudente dar mais veracidade a sua dimensão colossal. A empolgação das projeções, às vésperas da festa,  deixa no ar a inconsistência dos “números do Círio”.
Olhando do alto, vendo as fotos, estando na corda, é fácil estimar um número monumental, tão grandioso é o cortejo. O Círio enche-nos  de emoção, impregna nosso coração de religiosidade, inspira sentimentos fraternos, é verdade, Porém, a matemática  e sua irmã estatística são ciências exatas e podem levar a erros  se também forem recheadas de sentimento religioso.
Cada vez mais consciente da minha fé, essas considerações parecem absurdas. Reitero, entretanto, que a intenção é chamar atenção para a necessidade de se medir cientificamente o número de romeiros do Círio e demais eventos da festividade, visando confirmar a festa religiosa paraense  como a maior do mundo, efetivamente. Seria bom para a diretoria da Festa e para o próprio Dieese.
É inegável a expertise do órgão sindical em levantamentos e análises de indicadores econômicos, mas a comunidade católica (e não católica) tem o direito de conhecer os métodos utilizados no cálculo da multidão de devotos. Há de haver fórmulas, equações, matrizes, padrões matemáticos e estatísticos consagrados para esses cálculos além de simples extrapolações. Não seria plausível calcular quantas pessoas cabem por metro quadrado no percurso entre a Sé e a Basílica? Nas sacadas dos prédios do trajeto cabem quantos romeiros espectadores? Seria desejável estabelecer uma área padrão em cada esquina, algo como 50 metros adentrando cada transversal do cortejo para, assim, ser calculado o número de pessoas que assistem o Círio alojados em cerca de meia centena de esquinas; a esses romeiros somem-se os das arquibancadas da Praça da República, dos camarotes de empresas e órgãos públicos e os das janelas residenciais. Eis uma boa tarefa para acadêmicos de estatística, matemática, engenharia. É bom que se faça isso antes que  os números do Círio, agora uma pauta certa do noticiário que antecede o grande dia, sejam irreversíveis, mesmo sendo originados por método que se desconhece.
Se o Dieese não divulga-lo, esses  números continuarão saindo de uma conta inevitavelmente marcada pela empolgação que o Círio pressupõe. E pela dúvida.

2 comentários:

  1. Metendo o bedelho em uma área não afeita aos meus conhecimentos, posso assegurar que, assim me disse um espírita famoso, paraense, no dia do Círio há uma invasão de seres extra-terrestres. Dai o motivo de vermos tanta gente feia e cabeçuda no roteiro da procissão. Se é verdade, só o meu amigo poderá confirmar. Isso explicaria o número enorme de acompanhantes. O Nélio Palheta contou as pessoas com apoio do Lealzinho?

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    1. Até onde sei o Lealzinho é um índio poeta, que não gosto muito de números e nem de índios curumins.

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