Em
2005, Dirceu dominava o governo e o PT, tinha Lula na mão, era o candidato
natural à sua sucessão. E passaria como um trator sobre quem ousasse se
opor à sua missão histórica. Sua companheira de armas Dilma Rousseff
poderia ser, no máximo, sua chefe da Casa Civil, ou presidente da Petrobrás.
Com
uma campanha milionária comandada por João Santana, bancada por montanhas de
recursos não contabilizados arrecadados pelo nosso Delúbio, e Lula com 85% de
popularidade animando os palanques, massacraria Serra no primeiro turno e
subiria a rampa do Planalto nos braços do povo, com o grito de guerra ecoando
na esplanada: "Dirceu guerreiro/do povo brasileiro". Ufa!
A
Jefferson também devemos a criação do termo "mensalão". Ele
sabia que os pagamentos não eram mensais, mas a periodicidade era
irrelevante. O importante era o dinheirão. Foi o seu instinto marqueteiro
que o levou a cunhar o histórico apelido que popularizou a Ação Penal 470 e
gerou a aviltante condição de "mensaleiro", que perseguirá para
sempre até os eventuais absolvidos.
O
que poderia expressar melhor a ideia de uma conspiração para controlar o Estado
com uma base parlamentar comprada com dinheiro público e sujo? Nem Nizan
Guanaes, Duda Mendonça e Washington Olivetto, juntos, criariam uma marca mais
forte e eficiente.
Mas,
antes de qualquer motivação política, a explosão do maior escândalo do Brasil
moderno é fruto de um confronto pessoal, movido pelos instintos mais
primitivos, entre Jefferson e Dirceu. Como Nina e Carminha da política, é
a história de uma vingança suicida, uma metáfora da luta do mal contra o mal,
num choque de titãs em que se confundem o épico e o patético, o trágico e o
cômico, a coragem e a vilania. Feitos um para o outro.
O
"chefe" sempre foi José Dirceu. Combativo, inteligente,
universitário - não sei se completou o curso - fala vários idiomas, treinado em
Cuba e na Antiga União Soviética, entre outras coisas. E com uma fé cega
em implantar a Ditadura do Proletariado a " La Cuba ".
Para
isso usou e abusou de várias pessoas e, a mais importante - pelos resultados
alcançados - era Lula. Ignorante, iletrado, desonesto, sem ideais, mas um
grande manipulador de pessoas, era o joguete ideal para o inspirado José
Dirceu.
Lula
não tinha caráter nem ética, e até contava, entre risos, que sua família só
comia carne quando seu irmão "roubava" mortadela no mercado onde trabalhava.
Ou seja, o padrão ético era frágil. E ele, o Dirceu, que fizera tudo
direitinho, estava na hora de colher os frutos e implantar seu sonho no país.
Aí
surgiu Roberto Jefferson... e deu no que deu.
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