Piadinha do Bira Porto.

O cidadão mais ilustre de uma cidadezinha de interior era um marinheiro, que nas breves passagens que teve pela cidade, ensejou a realização de festas, discursos e foguetaria, porém não na dimensão que os moradores gostariam. Quando largou a marinha a cidade teve tempo suficiente para se preparar e recepciona-lo como desejava, como merecia. No grande dia a cidade estava toda enfeitada de bandeirinhas coloridas, na praça central foi armado o palanque para que as autoridades discursassem em homenagem ao filho ilustre. Ao lado do palanque uma grande mesa, com iguarias das mais diversas, preparadas pelas senhoras mais prendadas da localidade. Todos reunidos em torno da praça, a bandinha de música começa a tocar o hino da marinha, e o grande herói adentra a praça ovacionado. Senta-se a mesa e começa a devorar avidamente os pratos. Enquanto comia, o delegado sobe ao palanque e faz um belo discurso sobre o homenageado. O marinheiro continua comendo, em seguida sobe ao palanque o padre e enumera todas as qualidades do rapaz. O marinheiro sem levantar os olhos para ver o que ocorria, continuava devorando as comidas que estavam em sua frente. Sobe ao palanque o Prefeito, que faz rasgados elogios e arrebata aplausos da população. Fogos espocam, os sinos da pequena igrejinha badalam, quando o Prefeito encerra seu discurso e convida o grande herói a subir no palanque. Todos voltam os olhos para a mesa onde estava o marinheiro se refastelando com a cabeça baixa. De repente, quando todos esperavam que o homem levantasse e fosse para o palanque discursar, uma quituteira se aproxima da mesa com uma travessa de arroz doce. O marinheiro levanta a vista, olha para a multidão, volta o olhar para o quitute e exclama: Oba! Arroz doce! Eu dou o cú por arroz doce.