Muitos de vocês devem lembrar de um amigo que eu andava com ele sempre a tira colo. Tipo aquela dupla do seriado de Tv Ilha da Fantasia, Sr. Roarke e Tatoo. Pois bem eu e o Armando Mitsuashi, mais conhecido no bafon como Nakamaru trabalhamos juntos, fomos sócios e muito amigos. Hoje nos vemos pouco, mas sempre que falamos, é uma alegria grande, e julgo continuamos amigos.
Esse Nakamaru tem cada história que cabe um livro, mas a de hoje me veio a mente em função de um programa de esporte, que assistia, onde surfistas davam uma entrevista em uma praia de Floripa (SC).
Lá pelos idos de 86, provavelmente julho ou agosto, eu e o Nakamaru fomos para Florianópolis realizar um curso de curta duração (5 a 10 dias) pelo Idesp, órgão do estado que trabalhávamos. Para aproveitar bem a viagem saímos de Belém na sexta, para curtir o final de semana, uma vez que o curso começava na segunda.
Hospedamo-nos em um hotel, de frente para a famosa praia da Joaquina. Dormimos e no sábado pela manhã, por volta das 11 horas resolvemos ir a praia. Cada qual colocou o seu calção e pegou uma toalha e zarpou para a praia, que ficava em frente.
Chegando lá, eu me senti um verdadeiro caboclo, e o Nakamaru nem aí. Éramos os únicos diferentes na praia toda. Só nós dois estávamos sem camisa, a multidão usava roupas de banho tipo de surfista, aquelas camisas coladas no corpo, ou camiseta de manga. Julguei que isso fizesse parte da cultura local, daí eles serem branquelos daquele jeito.
Em uma parte mais tranqüila da praia, pegamos nosso pedaço de areia, estendemos as toalhas e sentamos contemplando a paisagem. Em determinado momento fui dar um mergulho, com receio de pedras fui entrando aos poucos na água, na parte rasa até que estava na temperatura suportável para qualquer caboclo nortista, mas quando a água chegou na altura da minha barriga, entendi a razão das camisas nos demais banhistas. Era coisa de 10 a 12 graus de temperatura, um frio doido, de dar câimbra na primeira pernada. Sai da água rapidinho, e resolvi, por vergonha, esconder o fato do Nakamaru.
Voltei para minha toalha, e o japona estava de óculos escuros pegando aquele sol mixuruca, nublado. Passado uns 15 minutos o japiraca levanta tira o óculos e zarpa que nem um foguete para o mar, não se importando se tinha ou não pedras no local. O cara dá umas 4 passadas largas no raso da praia e mergulha de cabeça. Para minha surpresa o japrega mal mergulhou boiou, saiu com caralho de dentro d’água. Pensei até que fosse ataque de tubarão. O homem sai da água tremendo de frio, vem puto na minha direção, e esbraveja.
- Porra, porque não me disseste que estava frio pra caralho?
- Onde já se viu japonês ter medo de água gelada, lá até neva. Pegam sol em neblina...
- Caceta, eu sou nissei de Tomé-açu, quente pra caralho.
Apesar de comovido fiquei feliz, pois não era o único caboclo naquela praia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário