Essa história aconteceu no início do milênio (2000/2001); encontro com o meu amigo Zé Menino num desses bares da vida e a cachaça rolou até altas horas da madrugada, era uma sexta-feira. Pelo tempo que não nos víamos o Zé resolveu ir dormir em casa. Só permiti essa sutileza, pois minha família tinha ido passar o final de semana em um sítio de uma amiga nossa. Eu no dia seguinte (sábado) teria que encontrar meu pessoal, pois estávamos convidados para uma baita festa de 15 anos que a dona do sítio promoveria para a filha única. Pensei, não há meios de me livrar do Zé porre, o jeito e deixar que ele durma em casa, e no dia seguinte despachá-lo de qualquer maneira.
Lá fui eu e o Zé dormir em casa, e antes que eu pegasse o taxi que sempre me levou nessas horas, o Zé diz que estava motorizado, e mesmo colocando a vida em risco aceitei o desafio de ir no carro do Zé. Meu Deus...era um bugre amarelo já bastante sambado.
Arrumei uma rede pro Zé e fui dormir, coloquei o despertador para me acordar as 8:00 horas, minha idéia era despachar o Zé e zarpar para o sítio de nossa conhecida antes das 10 horas.
Quando acordei, o Zé já estava de pé, com aquela energia de sempre, do menino que lhe acompanha desde o nascimento. O Zé me indaga o que vou fazer, tentei desconversar, porém o moleque insistiu, e não tive escapatória abri o bico.
- Pô Zé, eu tenho um aniversário para ir neste sábado, a minha galera está me esperando.
- Cara eu não tenho nada para fazer, eu vou contigo.
- Não Zé, não vai ser possível te levar, é festa com convite marcado, é de gente graúda, os donos do sítio têm construtora, hotel, lojas e o escambau.
- Caceta tu estás me sacaneando, qual é o problema de ser de gente rica, só porque sou pobre não queres me levar?
- Zé não é isso, não é preconceito, é que não posso levar convidado, a festa não é minha. Entendes?!
- Claro que entendo, mas vou te deixar lá, faço questão, te deixo na porta e de lá vou para o Mosqueiro.
Aceitei a oferta do Zé, pegamos o bugre e saímos estrada afora. Chegando no tal sítio o Zé em vez de me deixar na porta diz: - vou entrar e te deixo mais perto da casa, faço a manobra e volto.
Não foi um bom negócio, mas deixei que ele entrasse no sítio, era muito carro de barão, tudo importado, um mais lindo que o outro. Pedi ao Zé que parasse, ele obedeceu e eu sai rapidamente do bugre e disse adeus. Fui ao encontro de minha turma. Cerca de 3 minutos depois vejo o Zé com um copo de uísque na mão no maior bate papo com o garçom. Putz, quase tive um treco, quando ia na direção do abusado, a minha mulher me dá um cutucão e me aponta o bugre do Zé. Tive vontade de morrer, o bugre estacionado naquele mar de carros importados, e ainda por cima coberto com uma capota improvisada, que nada mais era que uma piscina de plástico velha, dessas de criança com motivos de ursinhos e outros bichinhos. Imagina se o Mauro Monteiro estivesse conosco, o homem tinha tido aqueles pânicos de pobreza, e certamente até hoje estaria se tratando com o Paulinho Mazzini. A mim só me restou ficar em coma.
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