Músicas, Seriedades, Burridades e Coisas Ogonorantes.

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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Química Religiosa.

Meus irmãos e eu, durante nossas fases infanto-juvenis, obedecíamos piamente os ensinamentos e vontades religiosas de minha mãe. Aos domingos costumávamos ir às missas do Colégio Nazaré, celebradas pelo Padre Raul. Fizemos isso por muitos anos. Meu pai não era muito adepto de missa, e julgo até que era ateu. Nunca tive oportunidade de perguntá-lo sobre isso.
Ainda por cima a Escolinha e o Colégio da Universidade tinham o ensino da religião em todas as séries. O Colégio (ginasial e colegial), inclusive era dirigido na época pelo Prof. Stélio Girão, que depois passou a ser padre. Em síntese, tanto em casa como no colégio, a religião imperava, nós não tivemos escolha, seguíamos a cartilha da Dona Ciloca. Tínhamos que ir a missa, estudar catecismo, fazer primeira comunhão, crisma e tudo que a igreja católica inventasse.
Em casa meus pais também nos educaram sem o hábito de usar palavrões (nome feio, ou simplesmente nome) no dia a dia. Lembro que papai tinha até uma gíria para esse particular que dizia: quem chama nome não come mangaba. De fato, pois quem já comeu mangaba sabe que a fruta prega os lábios da boca e não há meios de se chamar um palavrão.
Fiz esse prolegômeno todo para contar outra história vivida pelo papai e o Mauro, o caçula que tudo podia.
A Mauro tinha 12 ou 13 anos. Cursava o 3º ano do ginásio e começou a estudar química. Um belo dia o Mauro chega em casa e vai logo avisando para todos. Quando o papai chegar vou contar uma pra ele, que ele vai mandar o Reitor expulsar a minha professora de química. (O papai era professor da UFPa., que era a mantenedora da escolinha e do colégio da Universidade).  
O Mauro suava que nem biqueira, a mamãe tentou por varias vezes abstrair do Mauro o ato falho cometido pela professora de química, mas o menino não cedia, se mantinha irredutível de só contar o problema para o papai.
Era noite quando o velho chegou em casa, tomou um banho e foi reunir conosco para o jantar. O Mauro se postou ao lado do velho e bradou.
- Papai, o Senhor tem que pedir para o Reitor expulsar a minha professora de química.
- Qual foi a burridade que ela fez?
- Ela estava ensinando a gente a tabela periódica de elementos e chamou nome.
- Rapaz, esse negócio de tabela periódica de elementos deve ser infernal.
- É difícil pacas, pai.
- E qual foi o nome que a professora chamou na sala de aula.
O Mauro olha pra todos na mesa, e pergunta para minha mãe: - eu posso dizer em voz alta.
A mamãe aprovou sem muita convicção. Aí o Mauro largou:
- Ela disse cú.
O papai sabendo do que se tratava, sorriu e disse.
- Mauro deve ser com C maiúsculo?
- Não sei...
- Mas é, pois conheço bem a tua professora e sei que ela adora mangaba. Além disso, para diferenciar desse palavrão que disseste agora, o químico era escoteiro e fez a tabela simbolizando o cobre com as letras C maiúsculo e o u minúsculo. 
Mais tarde o papai chegou a compor uma música, que ele gravou em uma fita juntamente com o Mauro onde um dos versos dizia: “cueca de escoteiro pobre é pior do que o símbolo do cobre: C maiúsculo e u”.

P.S. O envolvimento do escoteiro na história foi feito pelo papai propositalmente para brincar com o P.P. que era escoteiro na ocasião. Chefe Brito, sempre alerta!

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