Troca de defuntos de pedigrees diferentes.

Esse negócio de fazer vários enterros um ao lado do outro, como fazem essas empresas funerárias, acaba dando confusão. Lá em Cascavel no Paraná teve um quiproquó desses, a empresa entregou o defunto pobre para a família rica velar, e o defunto rico para os ogonorantes enterrarem.

No velório da família rica uma das filhas do falecido se aproxima do caixão e vê o pai estirado, toma um susto da porra e esbraveja com a mãe: - Mãe o que esse pessoal da autopsia fez com o papai? O velho está muito feio, está amarelo, encardido, com um CC horrível. Em princípio a mãe da moça responde: - Minha filha, defunto fica assim mesmo, porém diante da cara feia da menina resolve conferir com uma espiadela no caixão. Toma um baita susto: - Gladstone estás desfigurado meu velho, será que os vermes já estão te devorando, não passaram formol no meu lindinho. Olha a boca dele, só tem 3 dentes inteiros, tem vários cacos e panelas. Meu Deus do céu, minha sogra vestiu meu Glad com a camisa que ele mais odiava, vá ser rancorosa com o filho assim no inferno. Vão enterrá-lo só de cueca zorba com sandálias de pneus, é o cúmulo, tendo tantos ternos Armanis. Minha filha, chama a Suelen manicure para fazer as unhas do teu pai, não vou enterrá-lo com unhas sujas, encravadas, cheio de frieira...

No outro velório, a moçada já se espantou com a qualidade do caixão. Ei Crotilde tu não economizou mesmo, o Mundão tá de conforto nesse caixão de barão, todo forrado de cetim, madeira da boa. Quando ele apodrecer a gente pode pega essa madeira para dá uma repaginada no barraco? Vem vê a carinha dele, não era assim. O homem tá louro, limpinho, cheirosinho, nem bafo de cana ele tem, mas como, se ele morreu porre?! Olha a boca dele, está com todos os caninos e molares, tá tudo escovadinho, cadê aquelas panelas onde ele armazenava pedaços de mortadela? Isso deve ser postiço. Vem vê o brinco que essa turma da “utópça” fez no Mundão. Gente do céu, né que verdade, o zé mané tá numa elegância da porra, tá de paletó, sapato, camisa e meia. Tem até cinto. Dá vontade de violar a sepultura a noite e surrupiar esse uniforme. Crotilde para de chorar menina, vem vê Mundão lindão...

Nisso adentra o recinto o gerente da funerária, acompanhado da família rica, carregando o defunto do verdadeiro Mundão para ser trocado pelo defunto rico do Gladstone. A família pobre se põe na frente do caixão e avisa em tom ameaçador. Ninguém vai levar o Mundão lindão de nós. Só passando por cima do cadáver dele. Pô pela primeira vez na vida o Mundão tá uma presença da porra e vocês resolvem trocar o nosso defunto. O gerente explica que foi um grande equivoco, ameaça chamar a polícia. Os pobres indignados exigindo exame de DNA do Mundão. Uns mais conformados até aceitavam a troca, desde que deixassem o caixão e as roupas. Dona Crotilde irredutível, chorava copiosamente sobre o defunto cheiroso, quando um sensato da família pobre bradou: - Temos que trocar, de fato o Mundão é aquele ali! Todos se entreolharam e em coro questionaram: - Como tu sabes? Responde o sensato: Ele tá com a camisa do flamengo. Ahhhhhhh! Então troca!