Injustiça divina.

Enquanto no Terruá Pará não morre ninguém, morreu ontem aos 87 anos o grande flautista brasileiro Altamiro Carrilho. Não que se queira desejar o pior ao próximo, mas se é verdade que o meu amigo Paulo Andrade apregoa, o Divino leva daqui os bons músicos, deixando aqui em baixo só porcaria. Dia desses o cantor Péricles de pagode teve um tro-lo-lo foi bater no hospital, porém foi só um susto e uma grande decepção pro Condureba. Essa contabilidade está injusta.

Abaixo segue um pequeno texto feito pelo P.Andrade falando do Altamiro, que é o que interessa.

“Meus amigos, a hora é triste. Altamiro Carrilho morreu.

O sopro. O Vento. A Luz. O Som. Música Gigante que se esvai pelas dunas da vida...

Assim como o grande e saudoso Paulo Moura, deixou-nos também, hoje, quarta feira, 15 de agosto de 2012, aos oitenta e sete anos, o Mago brasileiro, o monstro das flautas e outros instrumentos,Altamiro Carrilho. Um nome que é a própria história da Música Popular Brasileira - MPB.

Do chorinho ao samba, passando pelo trevo, baião, xote e tantas outras modalidades, o  Dizzy Gillespie brasileiro, veloz e inspirado, com o coração no pulmão e nos dedos, assim, como Charlie Parker no sax, Art Tatum ao piano, Raphael Rabelo, John McLaughlin e Paco de Lucia no violão, Armandinho e Amilton Holanda no bandolim e tantos outros, mas poucos, fez de seu(s) instrumento(s) poderosa arma contra a alienação e a mesmice musical contemporâneas, com todo respeito aos grandes e sacerdóticos músicos ainda vivos e batalhando, mas que parecem ser, cada vez mais e infelizmente, em menor número do que o necessário.

Já com mais de oitenta anos, aposentado  prematuramente como músico pelas gravadoras, Altamiro, incansavelmente, apresentava, de graça, seu vigor e fantástica sensibilidade em coretos de praça, próximos de onde morava. Altamiro se junta a tantos outros inesquecíveis, e o Brasil fica mais pobre e com menos ar  encantado em movimento.

Viva Altamiro, sempre!”