Músicas, Seriedades, Burridades e Coisas Ogonorantes.

Um blog para quem não tem nada para fazer. Para pessoas que vieram do nada e hoje não tem porra nenhuma.

sábado, 7 de maio de 2011

O lavador oficial.


No final dos anos 70 e início de 80, os revolucionários: Walbert, Reginaldo e Mauro resolveram criar chinchilla em plena Quintino Bocaiuva. Na época a questão ambiental andava em baixa e nem se falava, e o filão era pele de casaco de chinchilla, caríssimo, só acessível para Sheiks e Barões do Petróleo. A chinchilla é um animal andino, da família do coelho, portanto dá mais que chuchu na serra. Quando conheci o negócio (1982), o Naldo e o Mauro já tinham saído da sociedade, e o chinchinzal ficou somente com o Walbert. Pelo que sei o empreendimento ainda não tinha vendido nenhuma pele do bichinho, estavam estudando sua adaptação na terra das mangueiras. E manter o criatório era caríssimo, pois os animaizinhos se alimentavam de ração para cavalos de corridas, de linhagem árabe e puro sangue. A dieta era composta por: aveia, alfafa, tornedor de filet, gâteau de batata, trufas negras e brancas e K-suco. Além disso, viviam 24 horas em temperatura oscilando entre 18º e 20º C, garantida por cerca de 6 aparelhos potentes de ar-condicionado (haja Celpa), e tomavam banho com pó de mármore, era um luxo só. Nessa ocasião chegou nosso amigo Arnaldo, (que infelizmente já faleceu), com a incumbência de reduzir os custos de manutenção do criatório. Foi uma mudança radical, invés de filet com alfafa e aveia, passaram a comer puerária, que nada mais é que um mato que dá em beira de vala. No lugar do pó de mármore foi introduzido o pó de cálcio. Para vocês terem uma idéia do que isso representa, eu trabalhava no setor administrativo e financeiro, e era quem fazia as compras dos produtos, para manter as chinchillas, em São Paulo através do telefone. Na mudança promovida pelo Arnaldo, mantive contato com um fornecedor do pó de cálcio e tentei comprar a metade do que gastava comprando os 10 kilos mensais do pó de mármore. Disse ao fornecedor: - Quero 5 mil cruzeiros de pó de cálcio. O homem quase tem um treco do outro lado da linha, e ponderou: - Meu senhor com esse valor dá para comprar umas 100 carretas de pó de cálcio. Em suma as chinchillas que antes davam uma despesa danada passaram a ser criadas com Bolsa Família. Só que essa mudança provocou uma drástica redução na taxa de natalidade, que chegou a zero. Primeiramente pensou-se em comprar um reprodutor mais fudedor para tentar ensinar para os demais como deveria ser feito. Fizemos isso, e num belo dia me chega um tal de Barão, que ia revolucionar o chinchinzal. Passados um dois meses a natalidade continuava em zero, e não se sabia a causa, o jeito foi contratar um profissional que entendesse de criação de chinchilla. O homem certo foi contratado em São Paulo, de Itapecerica da Serra, era um rapaz novinho chamado Zezinho, que trabalhava no maior criatório de chinchilla do Brasil. Sabia tudo dos bichos. No primeiro dia de trabalho, entregou seus documentos no meu setor para registro de seu contrato de trabalho, e foi imediatamente para o criatório. No dia seguinte ele aparece na minha sala, quando entreguei a ele sua carteira do trabalho devidamente assinada, foi contratado por exigência dele próprio como Diretor Chefe Sênior do Setor Zoológico da Chinbrás Ltda., era o nome da empresa. Ficou todo empolgado, porém fez alguns comentários sobre a dieta dos animais. Eu não entendia muito do riscado e expliquei ao meu modo que essa dieta havia sido introduzida pelo Arnaldo há cerca de 3 meses atrás. Ele de pronto concluiu: “- Noventa dias, é, se elas não ficaram magras e nem morreram sinal de que a dieta não é o problema. Vou analisar melhor para fazer um diagnóstico mais preciso, e descobrir a razão da natalidade zero. O senhor tem que autorizar que eu durma hoje aqui, pois é necessário registrar todos os movimentos dos bichos, já que preferem cruzar durante a noite”. Percebi que o homem entendia mesmo do riscado, e sem pestanejar autorizei sua permanência na empresa pelo tempo que fosse necessário. Passados dois dias, o Zezinho entre na minha sala logo no início da manhã e brada aos quatro cantos do recinto: - Descobri o motivo. Ah! Como estou feliz.
Tentei adivinhar: - Já sei não estão cruzando.
Ele me diz: - Pelo contrário, estão cruzando além da conta. O Barão é um furor, nunca me enganou, veio do local onde trabalhei. Para resolver o problema de vez, preciso que o senhor me dê um dinheiro, tenho que ir numa farmácia comprar 2 caixas de cotonetes, 5 litros de água boricada, 1 litro de álcool e 2 pacotes de algodão em manta.
Diante do pedido ponderei: - Não me diz que elas estão grávidas e vais ter que fazer cesariana nas bichinhas.
Ele explicou: - Nada disso. O problema está no pó de cálcio. Ele cola as vaginas das fêmeas.
Eu retruquei: Mas disseste que eles estão cruzando.
Ele emendou: Estão, mas elas estão fazendo sexo anal.
Fiquei pasmo, pois nunca havia imaginado que chinchilla dava o cú, e perguntei: E pra que tu queres esses produtos da farmácia.
Ele concluiu: Preciso lavar as vaginas das fêmeas.
Diante do dito, e considerando o alto custo feito para trazer e manter o Zezinho, pedi pra ele a carteira do trabalho para retificação de seu contrato.
Ele indagou: - Por quê?
Arrematei: Vou te rebaixar de cargo, pois o teu é caro demais, vais passar a ser o Lavador Oficial de Buceta de Chinchillas da Chinbrás, é mais em conta pra gente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário