Análise sobre a Seleção Brasileira.
Logo depois do primeiro jogo do Brasil na Copa América, onde empatamos com a Venezuela, o meu amigo Vasquinho me mandou essa análise do blogueiro Rica Parrone. O ponto de vista do autor é muito interessante e porque não dizer a verdade nua crua do que é hoje a seleção de Mano Menezes, assim como nossa percepção sobre ela. Leia o texto, e veja se estamos ou não querendo tirar leite das pedras na hora errada.
Os frutos de nossos delírios
O fato do Brasil jogar a Copa cheia de “guerreiros” em 2010 e ter o time pisoteado por um segundo tempo ruim é fruto da nossa cobrança pouco inteligente. O fato de, após este jogo, termos colocado um técnico novo e chamado um monte de novos talentos pra lá, idem. Fomos nós que pedimos. O fato deles se acharem craques mais ainda. Fomos nós que cravamos. O time do Mano é o meu, o seu, o da imprensa toda. Todos nós pedíamos este time, e se ele não funciona, repito, é mais fácil dar nas costas do Mano do que assumirmos todos que não estávamos tão certos assim. Mano é bem mais responsável, é óbvio. Mas a turma do “eu sabia”, nesta Copa América, é tosca. Se sabia, porque pedia? Tá dando errado. E se está dando errado não é só porque o Mano errou aqui ou ali, nem só porque você acha o Jadson ou o André Santos fracos. Está dando errado porque a mentalidade está errada. Nós somos oito ou oitenta em quase tudo, idem no futebol. Quando perdemos jogando bonito, queremos um time que corra e não jogue nada. Quando perdemos jogando nada, queremos um time cheio de firulas. E assim vai, até que a gente entenda que o meio termo cabe melhor. Como não entendemos e continuamos cobrando horrores da seleção, afinal somos apaixonados por ela e fazemos tipinho de “nem aí”, dá nisso. Indiferença é o oposto de revolta. E se a seleção gera a revolta que gera, tudo que ela não tem sofrido é “indiferença”. Neymar, Ganso, Pato, Robinho, Lucas, Ramires, entre tantos outros, são apenas jogadores com POTENCIAL enorme, mas que não tem AINDA uma carreira sólida o suficiente para serem chamados de “soluções de problemas”. São, ainda, apostas. A nossa seleção cai na burrice, exigida por nós, diga-se, de todo fim de Copa reciclar todo mundo ou manter todo mundo. A reciclagem não é natural, é ordenada. Você já viu isso funcionar? Nem eu. Não temos zagueiro melhor que o Lucio, e ele fica. Assim deveria ser em outras posições. O Daniel está jogando muito mal. André idem. Sem os laterais, não adianta dar na cabeça do Mano. Gustavo Poli disse, em sua coluna, algo relevante: Se dois técnicos agem igual em relação ao Marcelo… talvez o problema seja o Marcelo. Talvez. Nós não temos a super-safra de antigamente porque NÓS queremos e avaliamos apenas resultados. Exaltamos o futebol de zagueiros e volantes e hoje é só o que revelamos. Não sejamos hipócritas nem covardes. Ao invés de ficarmos batendo durante 4 dias até o jogo com o Equador, talvez seja hora também de refletir o que nós pedimos, o que nós achamos certo e onde nós exageramos, tanto na cobrança quanto no oba-oba. O time do Brasil está sendo rascunhado. E tem jogador achando que está faltando só a cereja do bolo. Não se decora uma casa sem telhado. E também não se culpa só os pedreiros se nós, engenheiros, fizemos o projeto junto com eles. Quer trocar o técnico? Troca. Qual treinador da seleção foi aceito nos últimos 30 anos? Nenhum. Isso responde tudo. Cobramos porque somos brasileiros e somos os melhores nesse tal de futebol. E assim, vencendo sempre, soberanos no planeta bola, ainda vivemos reclamando como se cada derrota representasse uma crise enorme. Se fossemos argentinos faríamos o que? Suicídio coletivo?
Rica Perrone
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