O cão do João.

O João Sá ressabiado com a gatunagem imperando em Algodoal resolveu botar a mão no bolso, com enorme dificuldade (cabe ressalvar que para cerveja o João não tem pena de dinheiro, mas para outras inutilidades Deus me livre) e comprou o dog alemão velho do Naldo meu primo, o tal do Pavarotti. Apesar do nome era um cão mosqueirense, acostumado com terras praianas, portanto ideal para a casa do João em Algodoal. Mas antes disso cabe salientar outra proeza do Naldo para abstrair uns trocados do João, a venda do Lada russo, também velho, feito com carcaça de Sputnik, contudo uma maravilha em estradas siberianas, tipo a Castanhal – Marudá (acho que essas qualidades comerciais do Naldo em relação ao João com toda certeza se deve ao marketing feito pelo Raul, que deve ter recebido comissão do Naldo, pois em matéria de grana nem irmão o homem alivia). Mas voltemos ao tema. Concretizada a transação chega o bendito dia de levar o Pavarotti para seu novo lar. Eu antes havia sido convidado pelo João para curtir o final de semana e havia aceitado. Confesso até que sabia que esse tal de Pavarotti ia conosco, mas não tinha idéia do tamanho do cão. Pois bem, o João com um motorista daqueles que ele seqüestra no terminal rodoviário chegam no meu prédio no tal Lada russo. Eu já estava esperando com minha mochila e a garrafa de Campari (naquele tempo tinha tendência para vampiro ou ter hemorróidas). Eles pararam em frente de casa, e pediram que eu entrasse no carro no banco de trás. No momento que eu ia entrar no veículo me surge aquela cara enorme do Pavarotti e larga um latido tímido, porém de espantar o quarteirão inteirinho. Nisso o João se vira pra mim e pergunta:

- Ei Renatão, estás com medo dele?

- Não João, dele nenhum pouquinho, meu medo é da pulga dele pular em mim e me trucidar.

Em tempo: Fui para algodoal, mas no banco da frente, o João foi vigiando as pulgas do animal por toda a viagem.