Meu pai se formou em Engenharia Civil, porém optou por ser docente lecionando matemática, e chegou a ser catedrático na ciência, o equivalente hoje ao curso de doutorado. Ensinava matemática desde os tempos de curso científico, primeiramente para colegas de colégio. Depois como estudante no curso superior de Engenharia começou a dar aulas em vários colégios de Belém: Moderno, Carmo, Nazaré, Santa Maria de Belém, Gentil Bittencourt e outros. Dava aulas como um condenado, contudo amava muito o que fazia. Vale lembrar que o velho também ensinou Astronomia no Curso de Marinha Mercante, substituindo o vovô (pai dele) que era titular da matéria, porém sua paixão era a matemática. Juntamente com o vovô foram pioneiros e fundadores do Núcleo de Física e Matemática, que ficava na Av. Independência (atual Magalhães Barata), ao lado da FEIJ (Federação Educacional Infanto-Juvenil). E tanto o vovô como o papai chegaram a ser Coordenadores do referido Núcleo. A mamãe conta que numa ocasião foram ao cinema Nazaré, e a película ao que parece não estava agradando muito o papai que demonstrava estar preocupado com outra coisa, já a velha estava concentradíssima no filme. Em determinado momento a mamãe olha para o lado onde deveria estar o papai, e constata a poltrona vazia. Julgou que o velho tivesse ido ao banheiro, entretanto ante a demora ficou preocupada e resolveu sair do cinema, ir até a bilheteria perguntar se alguém havia saído no meio do filme. A bilheteira disse que sim e descreveu uma pessoa parecida ao papai. A mamãe se preocupou mais ainda e começou a vasculhar pelas casas comerciais próximas ao cinema. De repente avista o velho escorado na porta da Livraria Martins, vai até ele e pergunta que diabos estava fazendo, e por que a deixara sozinha no cinema. Calmamente o homem responde: É que resolvi um problema de matemática, e precisava anotá-lo, daí ter ido até a livraria para comprar um bloco de anotações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário