Amante da boa música o papai comprou junto ao Sr. Tamer (uma loja de peças e eletrônicos, que ficava na Campos Sales entre João Alfredo e 13 de Maio) um som modular, com amplificador Gradiente, 2 caixas acústicas Gradiente e um toca discos da famosíssima marca Garrard, era um som bom para os padrões da época. Na mesma ocasião, a mamãe contratou temporariamente uma cozinheira, já que a titular, a Eliete, havia pedido as férias. Não lembro o nome dela, mas era uma mulher intrometida. Havia uns dois dias da semana que o papai vinha almoçar em casa, não ficava full time na universidade. E num desses dias, logo após o almoço, foi tirar sua sesta. Residíamos em um sobrado na Gentil de dois andares. Os quartos ficavam no andar de cima, e o tal som ficava na sala, no andar de baixo. De repente se ouve o som do papai tocar, a música era O Grito na voz do Agnaldo Timóteo. A enxerida da cozinheira trouxe o LP da sua casa para ouvir no som do papai, logo onde! O velho que tinha um ouvido apurado, e lembrando que não tínhamos vizinhos (de um lado funcionava uma empresa de engenharia, e de outro um terreno dos padres) cobrou da mamãe uma atitude: - Acho que essa barulhada vem do meu toca discos! A mamãe disse que não sabia; e diante da inércia da velha, o papai desceu as escadas e deu de cara com a cozinheira ouvindo o tal LP do Agnaldo Timóteo. O velho meio sem jeito para tratar do assunto, pediu licença a moça, levantou o braço do toca discos e retirou a agulha do mesmo; se virou para a intrometida e disse: “Minha senhora esse som é meu, e não pode em hipótese alguma tocar tamanha porcaria. Passe bem!” E subiu com a agulha no bolso encerrando por completo a audição da enxerida.
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