Já escrevi aqui no blog que minha turma dos anos 70 não dispensava nem batida de pasta de dente Kolynos. Bebíamos de tudo que tivesse álcool, querosene e carbureto. Chegamos até a ter um clube de bebida, o Cancer Clube, que funcionou na garagem de minha casa da Brás de Aguiar. Tentamos abrir uma filial jovem do Consul Clube, um clube de profissionais da birita que funcionava na Quintino entre Nazaré e Governador José Malcher. O Cancer Clube tinha até hino composto pelo Bob Freitas com letra conjunta dos associados. As farras eram registradas em atas escritas nos próprios rótulos das garrafas que bebíamos. Como éramos na maioria estudantes e dependíamos da mesada dada pelos pais, não tínhamos muitos recursos para estocar bebida, e o jeito era aceitarmos doações ou uma sorte grande, como essa que narro agora. Era um fim de tarde fui até a casa do Rui Cabeça que morava em frente a minha. Lá chegando sou recebido pelo Rui na sala da casa, onde estavam o pai dele e um irmão conversando. O Rui pede uma grana para o velho, pois iríamos dar uma volta na cidade para paquerar, quando o Pai dele pede o seguinte favor: - Rui me pega essas garrafas de uísque que ganhei e despeja lá quintal, essas merdas estão todas batizadas, é iodo puro.
O Rui me olhou eu olhei para ele e a sintonizamos nossos desejos, pedindo ao Dr. Hamilton: - nos dê pelo amor de Deus, não jogue fora. O velho retrucou de lá: - vocês estão doidos como vão beber esse treco, isso faz até mal para a saúde de vocês. Para não discutir com o pai do Rui fizemos de conta que jogamos as garrafas fora, e levamos as bichas para o Cancer Clube, reunimos a moçada e tacamos o cacete em 11 garrafas e meia. O único problema era quando olhávamos um para a cara do outro, a língua parecia do diabo, tingida de vermelho, digo de iodo. Quanto a ressaca, juro que não me lembro, pois foi o melhor uísque falsificado que tomamos na vida.
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