Músicas, Seriedades, Burridades e Coisas Ogonorantes.

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sábado, 19 de fevereiro de 2011

A trancada da Vilma.


Início dos anos 70, e como já comentei aqui no blog, nossas farras geralmente acabavam na casa do Tonho, onde cometemos o latrocínio do Galo da Titia (post do dia 07/02/2011). Em uma dessas farras fui dormir na casa dele, e nesse dia devíamos ter bebido até solda cáustica, eu pelo menos estava imprestável. Lembro que quando chegamos da farra para dormir, minha tia e minha prima (Vilma) já estavam na casa, o Naldo chegou depois, porém não me viu, ou seja, só o Tonho sabia que eu estava na casa. Deitamos, e aquela OLA do largo de Nazaré entrou na minha cabeça. Rodava tudo, teto, cama, o que estivesse presente no quarto. Passando mal do porre, resolvi ir até o banheiro molhar a cabeça para amenizar o castigo. Não tive nem tempo de fechar a porta, pois já entrei no banheiro vomitando. Resolvi fazer tudo ao mesmo tempo, vomitar e lavar a cabeça. Abri o chuveiro e comecei a despejar todos os meus pecados: vesícula biliar, macarrão, salsicha da pior espécie que vendia no bar, e outras coisas que nem mendigo teria coragem de comer. O banheiro da casa do Tonho era bem estreito, e quando me deitei no box do banheiro, fiquei igual a um embrulho de prego, uma trouxa de lavadeira, atravessado de um lado a outro do banheiro. De tanto vomitar, acabei dormindo pelo cansaço, a água do chuveiro acabou, pois a caixa d’água secara. Fiquei dormindo naquela posição fetal. Nisso, a Vilma minha prima vai ao banheiro e como já sabia o caminho, não acendeu a luz, porém esbarrou em mim que estava deitado no chão. Pensou de imediato: é o Tonho. Foi chamar o Naldo. O Naldo que chegou quando eu já estava no banheiro tinha visto o Tonho dormindo e disse para a Vilma: - Não é o Tonho...o Tonho está dormindo. A Vilma foi constatar e viu de fato o Tonho dormindo. Deu-se a merda, achou que só podia ser um ladrão caído no banheiro. A Vilma acordou a Titia e o Naldo e alardeou o fato: - Mãe, Naldo, tem um ladrão no banheiro! O que vamos fazer. Já sei...Naldo pega aquela tranca da porta da cozinha e dá umas trancadas nesse bandido. Dito e feito, o Naldo desceu a escada e foi pegar a dita tranca (a mesma que usamos para tentar matar o galo). Era uma perna-manca respeitável, de grosso calibre, certamente de maçaranduba ou acapu, pesava tipo angelim-pedra, uma porrada era suficiente para me transformar em farelo, já que era magro na ocasião. O Naldo sobe a escada e quando já estava preparado para adentrar o banheiro e tacar o sarrafo, o Tonho acorda com aquela confusão. A Vilma avisa: - Tonho volta pro teu quarto tem um ladrão no banheiro, o Naldo agora vai dar uma porretada nele. O Tonho percebe o problema e segura a turma: - Não façam isso, é o Renatinho que está dormindo coçado no banheiro. Putz! Fui salvo pelo gongo. A partir dessa data, continuei a fazer minhas farras e toda vez que ia ao banheiro, mesmo na minha casa, colocava a carteira de identidade entre os dentes, para facilitar o reconhecimento do cadáver em situações onde o Tonho não estivesse.

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