Músicas, Seriedades, Burridades e Coisas Ogonorantes.

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domingo, 27 de fevereiro de 2011

História do Pereio.

Todos devem conhecer o Paulo César Pereio, aquele ator porra-louca que segundo ele próprio já foi expulso até de suruba. Hoje com mais de 60 anos, vive em Belo Horizonte, ao lado de um bar chamado Toca da Raposa, onde costuma contar causos que deliciam a turma local. Pereio já declarou uma vez que torce pela Argentina, e isso se deve ao fato de ter nascido em Alegrete no Rio Grande do Sul, fronteira com o território argentino. O causo é de gaucho e aconteceu justamente em sua cidade natal.
Lá pelos anos cinqüenta na delegacia do Alegrete o titular averigua uma ocorrência passada no interior do município.
O Delegado pergunta ao depoente: - O senhor foi intimado para depor sobre a violenta briga acontecida ontem no seu armazém lá no interior da cidade. Cinco mortos, oito feridos, uma barbaridade.
- No meu bolicho, seu delegado. Quem sou eu para ter armazém? Armazém é do turco Salim, que foi mascate. Por sinal que...
- Não desvie do assunto. Como e porque começou a briga?
- Bueno, pos então, historiemo a coisa ... Domingo, como o senhor sabe, o meu bolicho fica de gente que nem corvo em carniça de vaca atolada. O doutor entende: Peonada no más, loucos por um trago, por uma charla sobre china. A minha canha é da pura, não batizo com água de poço como o turco Salim. Que por sinal...
- Continue, continue, deixe o turco em paz.
- Pos então bamo reto que nem goela de joão-grande. Tavam uns trinta home tomando umas que outras, uns mascando salame pra enganar o bucho, quando chegou o Taio Feio.. O senhor sabe, o índio é mais metido que dedo em nariz de piá, deu um planchaço de adaga no balcão e perguntou se havia home no bolicho. Todo mundo coçou as bolas. Home tem bola, o senhor sabe. O Lautério - que não é flor de cheirar com pouca venta - disse que era com ele mesmo, deu de mão numa tranca e rachou a cabeça do Taio Feio. Um contraparente do Taio Feio não gostou do brinquedo e sentou a argola do mango no Lautério. Pegou no olho - lá nele - e o Lautério saiu ganiçando como cusco que levou água fervendo pelo lombo. Um amigo do Lautério se botou no contraparente do Taio - que já tava batendo a perninha - e enfiou palmo e meio de ferro branco no sovaco do cujo, que lhe chamam Pé de Sarna. Um irmão do Sarna, chateado com aquilo, pegou um peso de cinco quilos da balança e achatou a cabeça do homem que faqueou o Sarna. Os óio saltaram, seu doutor. E eu só olhando, achando tudo aquilo um tempo perdido. Um primo do homem do ferro branco rebuscou um machado no galpão e golpeou o irmão do Sarna. Errou a cabeça, só conseguiu atorar o braço do vivente. Aí eu fui ficando nervoso, puxei meu berro pro mole da barriga, pronto pra um quero. Meu bolicho é casa de respeito, seu delegado, e a brincadeira já tava ficando pesada. Mas bueno, foi entonces que o Miguelão se alevantou do banco, palmeou uma carneadeira, chegou por trás do homem do machado, pé que te pé, grudou ele pelas melena e degolou o vivente num talho, a coisa mais linda. O sangue jorrou longe como mijada de cuiúdo. Aí eu e mais uns outros - tudo home de respeito - se arrevoltemo com aquilo. Brinquedo tem hora, o senhor não acha?
Pergunta ao Delegado: - Acho, sim. Mas e aí?
- Pois, como lhe disse, nós se arrevoltemo com aquilo por ter sido as traição. Saquemo os talher... E foi aí que começou a briga...”

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