Músicas, Seriedades, Burridades e Coisas Ogonorantes.

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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ouça, leia, inspire e expire “Chovendo na Roseira”.

De hoje até domingo o blog vai homenagear Tom Jobim, na semana de seu aniversário. A música é “Chovendo na Roseira”, também conhecida como Double Rainbow ou Chidre’s Games. A gravação é das sensacionais cantoras de jazz mexicanas: Magos Herrera e Iraida Noriega e trio, disco Soliluna de 2006 (Na faixa há música incidental de um folclore mexicano). Leia abaixo um texto abstraído do blog Vozes Contemporâneas, que conta um pouco da história de Chovendo na Roseira. 
“No ano de 1967, Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim criava uma de suas mais importantes obras, a valsa “Children’s Games”. Composição brilhante do início ao fim, que conta na sua primeira gravação com arranjos incríveis de Eumir Deodato e a participação do músico Joe Farrell. Cada minucioso detalhe desta canção foi elaborado com primor, desde o andamento, em compasso ternário, à melodia envolvente do piano do maestro.
 Em meio a tantas incríveis canções de Tom Jobim, esta se destaca por seu planejamento meticuloso e caprichoso, como todo bom mestre assim faz. Ao ouvir esta canção, é possível enxergar como ela foi escrita, concebida, sendo escrita com esmero, repensada e concluída com perfeição.
Obra elaborada que, no decorrer de sua execução, ganha vida, cor e movimento. A composição instrumental, sem auxílio de palavras, leva o ouvinte a um cenário, cria personagens, seguindo um enredo com começo, meio e fim. Coisas que só a gênios cabe fazer.
Sete anos depois, a música instrumental “Children’s Games” é batizada como “Chovendo na Roseira”, aquela que era uma canção extraordinária, surpreendentemente, se supera ao receber letra e uma voz, a voz de Elis Regina.
Tema delicado e complexo é trazer o encontro perfeito da melodias e letra, mas quando se fala de Tom Jobim, se fala de excelência. “Chovendo na Roseira” é um exemplo raro em que essa união foi perfeita. Não haveria melhor letra para tal melodia, nem melodia melhor para tal letra.
Na música a união foi perfeita, mas fora dela nem tanto. A gravação do disco Elis & Tom, que levou a canção “Chovendo na Roseira”, foi conturbada do início ao fim. Tom demorou a aceitar o uso do piano elétrico, que era um desejo de Elis e de César Camargo Mariano, pianista, arranjador e marido de Elis. Aliás, outro contragosto do Tom era ter César como arranjador do disco, ele preferia e insistiu para que seu amigo Claus Ogerman fizesse os arranjos, mas acabou ficando nas mãos do virtuoso César.
Quando as gravações tiveram início, as diferenças e conflitos acabaram, claro que com muita cobrança de Tom sobre os arranjos de César. O resultado dessa história foi à épica versão de “Chovendo na Roseira”, que manteve a base primordial instrumental de “Children’s Games” com a voz indescritível de Elis Regina, que faz com que a música cresça, ganhe presença, com muita graça e sutileza. O disco em si virou uma obra antológica da música brasileira.
Tom era maestro soberano, batizado assim por Chico, mas nem tudo de sua obra foi memorável.  Em 1981, gravou o disco Edu & Tom e regravou a canção “Chovendo na Roseira”. A nova versão de “Chovendo na Roseira”, não manteve o sucesso das versões anteriores. O volume da voz de Edu Lobo estava muito acima do instrumental que é o ponto forte desta composição. Além do que a voz de Edu não tinha a versatilidade e riqueza que possuía Elis, mas Tom é mestre, é soberano e “Chovendo na Roseira” merece ser ouvida, revisitada, estudada e admirada, em todas suas versões existentes.”

E.T. – Em tempo de tragédias advindas das chuvas que castigam o Brasil, é preciso compreender a chuva da forma como Jobim sempre entendeu, pois sem chuvas jamais teremos roseiras.

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