Músicas, Seriedades, Burridades e Coisas Ogonorantes.

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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Cenas ao vivo da TV brasileira.

No final da década de 50 a extinta TV Excelsior competia com a TV Tupi, e nessa época começou a transmitir as primeiras tele-novelas brasileiras. Sem recursos do videotape, que seria inventado alguns anos depois, toda a programação da emissora era feita ao vivo, ainda por cima as falas dos atores eram entregues no mesmo dia das filmagens, portanto sujeita a inúmeros erros e gafes. E duas cenas que vou tentar narrar foram contadas pelo Lima Duarte num programa do Rolando Boldrin, há alguns anos atrás, logo, é possível que a minha descrição contenha alguns deslizes, mas que não alteram a essência dos fatos.
Cena 1 - Numa das novelas dois atores se destacavam: a atriz que interpretava a mocinha da novela, e o ator, de nacionalidade portuguesa, que interpretava o pai da mocinha. A novela tinha 10 capítulos, planejada para durar cerca de 2 meses. Contudo o sucesso da mesma fez com que a emissora ampliasse o número de capítulos. Essa ampliação deixou irritado o ator português, que pretendia retornar para Portugal. Soube com dois dias de antecedência que em um dos capítulos o pai da mocinha ficava doente e precisava se hospitalizar, o gajo procurou o diretor da novela e pediu: - Caro chefe, você bem sabe que preciso sair desta novela, e para não ser uma saída sem uma explicação para o público, vamos aproveitar a situação de que vou ficar doente, basta que o autor me mate com uma doença incurável.
O diretor ouviu e pedido e rebateu: - Meu querido portuga tu não podes morrer, és um dos atores que levanta a audiência da novela, és muito querido pelo público, e acho que essa história de doença é só para deixar o público preso à trama. Por mim você não sairia da novela, porém entendo a sua vontade de partir, e como sou seu amigo vou conversar com o novelista para ver se ele te atende.
A novela vai ao ar, começa a parte final, a mocinha entrando no hospital para visitar o pai, chega no apartamento encontra o pai deitado na cama, triste e cabisbaixo.
Diz a mocinha: - Papai estou bastante apreensiva, falei ainda há pouco com seu médico, ele está vindo para cá e me disse que quer nós comunicar algo importante sobre seu estado de saúde.
O pai responde com voz trêmula: - Minha filha é bom você ir se preparando para o pior, ele vai dizer que estou condenado e que tenho muito pouco tempo de vida.
Nisso o médico entra no quarto e brada em voz alta: - Meus amigos aconteceu o inesperado, um milagre divino, os exames revelaram que o Dr. Portuga não tem nada, e basta tomar esse soro que já vou lhe dar alta.
A filha pulava de alegria, quando o pai interrompe, se dirige pro médico e por conta própria muda o script da novela.
- Doutor você pode repetir novamente seu diagnóstico. Pois cheguei aqui com um câncer incurável.
O médico ficou espantado pois ninguém antes havia falado em câncer. Para contornar a situação respondeu: - Como lhe disse o Sr. não tem absolutamente nada, e graças a Deus não era câncer, foi um lapso que cometemos.
Aí o português elevou a voz em tom bastante emocionado:- Oh! Meu Deus quanto emoção, não sei se meu coração vai resistir. Colocou a mão não peito, fingiu um ataque cardíaco, caiu da cama no chão e ficou estatelado se fingindo de morto. E não houve jeito de ressuscitá-lo, pois o homem não se mexia pra nada. O jeito foi aceitar a morte do ator, que logo depois partiu para Portugal.
Cena 2 – Em outra novela do gênero capa-espada, o vilão da novela aprontou tanta maldade que o público estava querendo que ele morresse de qualquer maneira. O ator que fazia o personagem de vilão foi avisado horas antes que no capítulo que ia ao ar, naquele dia, iria morrer após duelo de espada com o mocinho da novela. Tentou ponderar, porém ouviu que seria melhor assim, pois poderia ficar estigmatizado pelo público, assim ficou convencido que teria que morrer mesmo, para o bem de sua carreira profissional.
Entram em cena o mocinho e o vilão. O malvado tira a espada da bainha e parte para cima do mocinho. O galã quando tenta puxar sua espada para iniciar o duelo percebe que esquecera da mesma no camarim. Avalia a situação e constata que não tinha como matar o vilão, a saída seria agredi-lo e deixar a morte para o próximo capítulo. Parte para cima do vilão e desfere chutes com sua bota na perna do bandido. O vilão percebendo que o mocinho não tinha espada e sabendo que tinha que morrer, fala com tom de sofrimento: - Ah! Vou morrer, seus chutes me causaram ferimentos profundos nas minhas pernas e o bico de sua bota está envenenado com substancia letal. Puuuuufffff!. Dá um último suspiro e cai morto para espanto de todos.

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