Era sábado e estávamos reunidos, na Sol, em torno de nossa sagrada cachaça. Lembro que estavam presentes: Eu, Paulinho Mazzini e Camilo Delduque, além do Luizão Costa, o nosso Dom King (se esqueci alguém vai minhas desculpas, é a merda da amnésia bisurada).
Nossa conversa girava em torno de culinária regional, cada qual mandava ver com um prato de sua predileção. Em determinado momento surge na conversa o Muçuã de Botequim, prato que alguns restaurantes e bares de Belém vendem, e que é feito com músculo bovino tendo em vista a proibição do uso da carne de muçuã, animal considerado em extinção pelo IBAMA.
Papo vem, papo vai sobre quem fazia o melhor muçuã de botequim de Belém, o meu amigo Luizão que é um pesquisador emérito, atravessa a discussão e fala com seu vozeirão:
- Estive pesquisando na biblioteca do Centur e constatei que o Muçuã de Botequim surgiu durante a segunda guerra mundial.
Foi um alvoroço doido na mesa. Era mais quem discordava do Luizão.
- Caceta, tu és doido, naquele tempo sequer tinha IBAMA para coibir o consumo de carne de Muçuã. Inclusive era tanto muçuã que os exércitos no mundo todo usavam muçuã como bala de canhão, e depois reaproveitavam o casco para fazer capacete.
Mas o Luizão manteve seu ponto de vista. E saiu-se com essa, ancorado na velha tese econômica.
- Vocês sabem que em tempos de guerra se produz canhões em detrimento de manteiga, logo, se usavam o muçuã como bala ou capacete, os botequins só podiam vender bobó para os clientes, inclusive para a turma do IBAMA.
Apesar de adorarmos o Luizão, só me resta dizer como minha falecida Tia Eunice: “Égua da Mentira!”
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