O Antonio Carlos Maranhão, Antonio Carlos Ferreira Carvalho, compositor e músico, mais conhecido por Maranhão foi, com certeza, um dos melhores compositores, apesar de maranhense, do Pará. Venceu, em outubro de 1977, o Festival “Três Canções Para Belém”, com a música "Dança das Águas". E entre tantas composições conhecidas citamos "Sonho de Valsa", parceria com Carlos Henry e a lambada "Nega", parceria com Alfredo Reis. Além de extremamente prolixo nas letras, sem perder a poesia, o Maranhão cultivava outra faceta: uma vaidade crítica irritante. Detonava, sempre que pudesse, de preferência na frente do autor, qualquer trabalho a ele apresentado. Eu tinha uma Pampa cabine dupla e, em determinado dia dos anos 80, transportava, além dos meus filhos, apanhados no colégio, o Paulo Assunção e o Maranhão, sentado no banco dianteiro, como todo bom folgado. Era tempo do toca-fitas. Eu havia gravado uma seleção de músicas entre as quais inclui uma composição do César Escócio, "Céu do Aquiri" cantada pelo próprio. Íamos no rumo de casa quando, após uma sequencia de músicas, o Maranhão, de cara feia, é obrigado a escutar: "Mirei mirei muchacha/ Mira mirá tu também/ O cintilar das estrelas..." O Maranhão, acomodado no banco, inconformado, perguntou, parecendo gostar o que ouvia: -"Camilinho de quem é esta música?" Para não perder a chance, retruquei: -"Tu conheces tantas músicas e não sabes quem é o autor desta bela melodia?". Ele calou e até arriscou alguns palpites enquanto eu insistia se ele havia gostado da música. Finalmente ele capitulou e reconheceu: -"É, é muito boa, gostei mesmo, inclusive da levada do arranjo, mas quem é o autor?" Eu disse: -"É composição do Cesar Escócio". E êle, imediatamente: -"Logo vi, esta música é mesmo uma meeerda!"
Nenhum comentário:
Postar um comentário