Palhaçada no hospital.

Soube dessa história através de um amigo meu médico que fazia residência médica em São Paulo, em um hospital de combate ao câncer. É uma história tragicômica um negócio de maluco, vamos a ela. De vez em quando o hospital recebia a visita de um palhaço, que vinha, segundo o próprio, desenvolver sua missão altruística. Era autorizado pela direção do hospital a visitar os pacientes mais críticos, que estavam necessitando de momentos alegres. O palhaço sempre chegava para sua missão acompanhado de 3 pessoas, que o hospital achava que fossem seus auxiliares. Os shows do palhaço nunca eram acompanhados pela turma do hospital, deixavam-no a vontade para descontrair os doentes. Num belo dia um médico resolveu presenciar uma dessas apresentações, e ficou curioso com a parte inicial, onde os 3 auxiliares do palhaço entravam batendo tambor, acendiam charutos e artigos de defumação, tomavam uns goles de uma bebida que parecia cachaça, faziam umas rezas e depois enchiam de passe a cabeça do palhaço, isso durava cerca de 3 a 5 minutos. O médico achou aquilo muito esquisito e percebeu que os pacientes ficavam tristes, sorumbáticos, alguns até choravam, provavelmente achando que o ritual era de despedida, contudo deixou que o show prosseguisse. Em seguida vem o palhaço e conta duas piadas que falavam em pessoas com câncer e morte, eram até engraçadas, mas só fizeram piorar o estado de ânimo dos pacientes, que já haviam se preparado para a morte no primeiro ato do espetáculo. O médico antevendo suicídio em massa resolve interromper o espetáculo, e cobrar uma explicação do palhaço: - “Meu senhor não posso permitir que você prossiga com esse espetáculo nocivo a todos os nossos pacientes. Além das piadas de mau gosto, você faz um ritual inicial de umbanda, inclusive sabendo que o hospital proíbe acender charutos e defumação”. O palhaço se vira para o médico e declara: - “Doutor eu faço tudo isso de graça, mas tenho que me precaver, vá lá que eu pegue uma doença desses caras, aí quem vai fazer palhaçada pra mim”. Depois desse dia o palhaço macumbeiro ficou proibido de fazer show no hospital.