Essa história aconteceu comigo e Mauro Monteiro, por volta de 1985. Era início do mês de julho e se não estou enganado uma sexta-feira, e muitos dos belenenses já tinham zarpado para os balneários. Não lembro o motivo, mas ficamos em Belém, e para descontrair fomos para a casa do Walbert Monteiro ouvir música, papear e bebericar. O Walbert residia na cobertura do edifício Simel, que fica na Arcipreste Manoel Teodoro. O prédio para os padrões da época era Top de Linha, com 1 apartamento por andar.
Chegamos lá no final da tarde e começamos os trabalhos cedo. Não sei ao certo, porém no início começamos tomando vinhos alemães que o Walbert representava aqui em Belém, era: Spatlese, Auslese e outros eses, que simbolizavam níveis de qualidade do vinho. Depois como bebedores vorazes que éramos, passamos para algo mais forte, vodkas russas e whiskys escoceses. Ficamos nessa farra até as 4:30 da matina quando o Walbert deu o comando que deveríamos dormir.
Tanto eu como o Mauro estávamos sem condições de fazer um quatro, mesmo quem um tentasse ajudar o outro. A despeito do estado de ambos tínhamos que ir embora, pegar um taxi e seguirmos para nossas respectivas casas. Despedimo-nos do Walbert e pegamos o elevador, que também para a época era moderno, o botão com o T de térreo não existia, havia um botão com P, que desconhecíamos a finalidade, assim sendo, apertamos o botão que tinha um traço tipo um I, julgamos ser um T apagado. Chegando nesse pavimento I, saímos do elevador e nos deparamos com uma porta de madeira grande, toda decorada, e pensamos que devia ser a porta que nos permitiria chegar até o térreo. Tentamos abrir, porém a mesma estava fechada. Então começamos a bater na porta, achando que dessa maneira o porteiro viria abrir. Sem resposta começamos a intensificar as batidas, começamos a esmurrar a porta e ao mesmo tempo gritávamos para que o porteiro ouvisse. Mal sabíamos que se tratava da porta principal do apartamento do 1º andar do prédio, onde se encontrava acuado um único morador, pois a família estava toda para Salinas. Nós do lado de fora dando murros e pontapés na porta, e o homem dentro de sua casa, julgando se tratar de bandidos invasores que queriam roubar seu domicílio. O homem nervoso já havia ligado para a portaria tentando pedir ajuda, porém o porteiro, que acabara de assumir o turno da manhã tinha ido ao banheiro, e nada ouvia. O jeito foi acionar a polícia. Nossa luta em sair do prédio continuava, e o homem em seu apartamento já havia escorado a porta com: sofás, arcas, poltronas, cristaleira, buffet, etc. Fez uma verdadeira barricada para garantir a integridade de seu lar, até a chegada da polícia. Contudo, antes que a polícia chegasse, o morador fez nova tentativa e encontra o porteiro na guarita, avisa que havia no hall bandidos querendo invadir o seu apartamento. O porteiro corre para ver o que estava acontecendo. Havíamos dado uma trégua nos murros e pontapés, estávamos cansados e resolvemos aguardar o tempo passar para que o porteiro acordasse e abrisse a porta para sairmos. Quando de repente a porteiro chega através do elevador no hall onde estávamos e reconhece o Mauro. Pergunta o que fazíamos ali, explicamos que queríamos sair do prédio. O porteiro avisa para o morador que estava tudo bem, que éramos sobrinhos do Walbert cheio do aço. Por sorte o dono da casa, que estava nervoso e furioso, era amigo do Walbert, e conseguiu em tempo explicar para a polícia que houve um mal entendido, caso contrário teríamos dormido no xadrez.
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