No consultório psiquiátrico do Dr. Saulo Camilinni o último paciente é atendido por volta das 20 horas.
- Meu amigo me desculpe mais é norma da clínica, pacientes do SUS são atendidos por último.
- Não te pobrema dotô, nós sabe que semos pobres mesmo.
- Além de doido e matuto. Quantos anos o senhor tem?
- Não tenho bem certinho pois não sei adireito contar, mais é pra lá de 40.
- Pediria para o senhor se deitar no divã.
- Sim Sinhô!
- Um minutinho, ponha essa toalha antes para forrar o divã, pois o senhor está mal cheiroso, e parece-me que não só o seu cérebro, mas seu corpo todo está estragado.
- Já aforrei dotô, posso me adeitar.
- Deita filho duma égua, e me fala que estás sentindo, quais os teus problemas.
- Minha mãe dotô só me chama de burro, meus irmãos me batem, me dão cachuleta, me chamam de abestado, minha avó só me dá cascudo e me chama de ogonorante, só por causa que fiquei umas quinze vez reprovado na alfabretização.
- Tem mais coisa ai nessa mente suja, desembucha demente.
- Meu pai não fala comigo desde que tinha menos de 10 anos, só por causa que troquei peteca com a gurizada da rua, doeu no início mas depois me acostumei, hoje até faço cocô mais fácil.
- Ainda por cima é gay. Que mais, ponha tudo que está nesse subconsciente pra fora sua mariquinha.
- A turma do meu colégio me zoa só por causa que ainda mijo na cama, faço roupas pra bonecas e gosto de brincar de casinha.
- Põe pra fora desnaturado!
- Minha fessora ralha comigo e diz que sou uma anta esquizofrênica, homossexual desprovido de cultura e ogonorante depressivo.
- Puta que os pariu! Caceta, o que mais você é porra.
- Sou framengo e remo.
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