Antes de contar essa história vou me benzer, bater na madeira três vezes e colocar sal grosso com alho na porta, pois sei que a turma da compaixão vai cair de cacete, dizendo que sou desalmado, maligno e preconceituoso. Como já estou de corpo fechado, vamos à história do tal Professor de francês. Vale lembrar que os nomes aqui usados são fictícios.
Tive um colega de trabalho, o Hélio, que na infância teve paralisia infantil, que comprometeu alguns de seus movimentos. Puxava uma perna para andar e não tinha controle motor suficiente em relação ao movimento dos braços. A fala ficou ligeiramente afetada, porém quando falava parecia que estava encenando uma peça, se contorcia todinho. Apesar dessas dificuldades de ordem física era uma excelente pessoa e um profissional muito competente. Tinha uma ortografia perfeita, embora a caligrafia fosse terrível. Um belo dia em uma reunião de descontração, com a presença de vários colegas de trabalho, cada um procurava gozar o outro, expondo mazelas e gafes cometidas. Esse colega deficiente, o Hélio, conta que o colega Zé bebia tanto que toda vez que chegava no trabalho, e a moça do cafezinho lhe servia um copinho, o Zé ficava mexendo o copo, como se fosse o uísque com gelo dentro. Todos caíram na risada, pois de fato o Zé era um porre só. A reunião acabou e o Zé ficou meio chateado com a brincadeira. Passados alguns dias depois desse episódio, o Zé chega e reúne a moçada para contar uma parada que soube do Hélio, inclusive fazendo questão de convidar o próprio Hélio a participar da reunião.
Começa fazendo uma pergunta para o colega: - Hélio é verdade que tu tiveste um cursinho de francês?
- Tive sim, mas fechei por falta de tempo.
- Não foi por isso não! Fechaste por reclamações dos pais dos alunos.
- Zé não vais querer dizer que eu não sei francês?
- Claro que sei que sabes francês, o problema foi o método. O Hélio ensinava para as crianças: Bonjour; Bonsoir; Bonne nuit; Je suis de.... Quando chegavam em casa, as mães perguntavam o que vocês aprenderam hoje na aula do Tio Hélio. E as crianças respondiam puxando as perninhas, se contorcendo todas e com as mãozinhas tortas: Bonjour; Bonsoir; Bonne nuit; Je suis de...
Virou um porradau.
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