Músicas, Seriedades, Burridades e Coisas Ogonorantes.

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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Taxista do Lyon.

Morei no Lyon, que fica na Benjamin quase e frente a Henrique Gurjão, por cerca de 8 anos e tenho grandes recordações por lá, exceto o nome do bicho. Meti na cabeça que se um dia for síndico de lá, mudo o nome para Papon.
Lá no Lyon tinha (aliás, tem até hoje) um taxista gente boa, o Seu Luiz, com seu Fiat branco infernal, pois o ar condicionado só funcionava quando estava nevando, já que odiava o calor e não pegava de modo algum em dias ensolarados. O Fiat já devia ter uns 10 anos de estrada, e já tinha sofrido um bocado.
Digo isso, pois o Seu Luiz, na minha época, tinha como clientes assíduos no Lyon 4 pessoas, incluindo eu, que por coincidência do destino adoram uma unha de caranguejo e têm 3 dígitos de peso cada.
Parecia que já havia um complô contra o Seu Luiz, mal o taxi do homem desocupava logo em seguida um dos 4 já entrava no taxi. E cada corrida durava pelo menos de 2 a 3 horas. Considerando que o Seu Luiz trabalhava 12 horas por dia, o que já é muito, o taxi praticamente era propriedade dos 4 moradores.
Lembro que o Seu Luiz sempre comentava conosco que ele andava intrigado, pois o carro só gastava pneus do lado do passageiro. Dizia ser coisa do demônio, e entrou até para a Universal. Também vez por outra tinha que comprar um novo cinto de segurança que teimava em arrebentar em cada freada. Esses cintos eram caros em comparação com os tradicionais, pois eram feitos por encomenda em São Paulo, na Camisaria Varca.
Fazer supermercado no Líder da Doca era um sacrifício, pois além do passageiro e da ajudante, tinha também as compras. O Fiat tinha que trafegar só em ruas planas ou em descidas. Subir a Tiradentes, que era o caminho mais curto do Líder para o Lyon, nem pensar. O bicho, no trecho entre Doca e Quintino, engasgava saltava fumaça pra burro e empacava. Não subia de modo algum.
Tinha também uma corrida que ele fazia com a única mulher dos clientes preferenciais, e a mais pesada, que era passar primeiro no banco onde ela tinha conta e depois ir até a Doceria Abelhuda, para uma sessão de 3 horas de degustação de uns salgadinhos e docinhos.
O Seu Luiz penou muito, há quem diga que ele foi até convidado para trabalhar no Azes do Volante, pois era o único taxista de Belém que andava somente nas 2 rodas do lado do passageiro.
Quando me mudei do Lyon, pensei cá comigo, Seu Luiz vai ter um sossego parcial. Qual nada, me disseram que a irmã da cliente da Abelhuda se mudou para o apartamento onde eu morava. E essa novata já chegou fazendo lambança, pois soube que Seu Luiz teve que comprar um banco novo e colocar rodinhas na lateral direita do Fiat para não virar. Está parecendo criança aprendendo andar de bicicleta.

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